Aí rolam fotos para
lá a para cá, confirmam-se espécies, debate-se alguns dias e fica ´por fim a
dúvida : Plantamos ou não a “planta X”?
Afinal porque em pastos
melíferos comprovadamente com flora de espécies idênticas, disponibilizados
para abelhas da mesma espécie, percebe-se uma aceitação diferente pelas abelhas? Será o
solo? Será o clima? Umidade na terra?
O que poderia determinar este
comportamento diferenciado, esta variação de paladar ou preferência da mesma
espécie de abelha pela mesma espécie de flora, observado em regiões diferentes?
Sempre fiquei
pensando nisso. Com certeza algo referente ao néctar, ao aroma, talvez influência do
solo em que a planta se encontra. Mas o que exatamente?
Um dia achei uma
explicação mais detalhada que resolvi compartilhar com todos.
Encontrei um livro
chamado “Fisiologia Animal” de Richard
W. Hill, Gordon A. Wyse, Margaret Anderson, e os autores revelam vários ciclos
biológicos muito interessantes que eu desconhecia, vou tentar explicar o que
mais me interessou: “A energética da vida diária em situações de rotina e
extremas”
Eles estudam várias
maneiras de se mensurar o metabolismo dos organismos, e montam equações capazes de determinar a energia abastecida, a energia transformada em trabalho, a energia
acumulada e a energia dissipada.
É uma análise de balanço energético biológico.
Tal como um equipamento mecânico, um carro ou
qualquer outro dispositivo criado pelo homem, nos seres vivos a energia nos dois lados da equação tem
sempre que ser iguais!
Descobriram também
que animais que precisam de algum modo manter uma temperatura constante do seu
sistema em relação ao meio ambiente, pagam uma conta cara!
O que os biólogos
chamam de homeotermia.
Então devido a essa homeotermia, os mamíferos ou aves que vivem em ambiente selvagem necessitam de 12 a 20 vezes
mais energia do que lagartos ou cobras de pesos equivalentes vivendo no mesmo
ambiente.
Desse modo, animais que mantêm constante o calor em seu sistema biológico necessitam priorizar em seu dia a dia a busca por fontes de energia.
As diversas espécies de
abelhas possuem vários modos de obter recursos para sobreviverem. O ato de
procurarem alimentos é denominado forrageamento.
Existe uma teoria, chamada
de Teoria do Forrageamento Ótimo, que tenta explicar
qual é o ótimo de forrageamento de uma abelha na obtenção de recursos
alimentares, ou seja, quais recursos ela utiliza melhor ou quantos recursos são
utilizados para satisfazer suas necessidades energéticas.
Existe a variação da
amplitude de uma dieta, ou seja, a variação na quantidade de recursos que
compõe a dieta da abelha, e essa variação é chamada de Amplitude Ótima da Dieta.
A pesquisa leva em conta a questão de aquisição do alimento, que
requer um custo.
E em paralelo a recompensa energética obtida no néctar.
A pesquisa teve como parâmetro mamangavas forrageando um conjunto floral de Rododendros.
O voo de uma
mamangava é muito dispendioso, assim como o das melíponas, devido a sua
aerodinâmica peculiar.
Quando em vôo as mamangavas elevam de 20 até 100 vezes a
sua taxa metabólica em relação ao seu repouso.
E para conseguirem voar precisam que
os músculos das asas estejam a pelo menos 30ºC.
Assim, se a
temperatura ambiente for abaixo de 30ºC, as mamangavas precisam produzir calor
suficiente para pré-aquecer os músculos das asas e conseguirem voar
.
Vou abrir um parênteses aqui.
Consegui dados de uma
pesquisa sobre abelhas Apis, que podem ilustrar estes valores:
As abelhas Apis
melífera conseguem voar com uma variação de temperatura do ar abaixo de 15°C,
como também acima de 40°C. Além disso, elas também apresentam durante o vôo a
temperatura da superfície corpórea não distribuída uniformemente entre as três
partes do corpo (cabeça, tórax e abdômen) (HARRISON, 1987).
Em um experimento
realizado com abelhas (Apis mellifera) em um bebedouro com xarope e a
temperatura do ar variando de 20,9°C a 27,2°C, a cabeça e o abdomen foram
somente 3°C a 2°C acima da temperatura ambiente. E a temperatura do tórax de
abelhas coletando água foi similar da encontrada em abelhas bebendo uma solução
de sacarose. Porém, quando ocorria um aumento de teor de açúcar na solução de
sacarose, houve também o aumento na temperatura do tórax (SCHMARANZER, 2000).
Para conseguirem levantar vôo, elas mantêm a
temperatura mínima realizando o famoso Buzzy enquanto estão pousadas.
Acredito que as nossas meliponas devem apresentar o mesmo comportamento!!
Considerando os
custos energéticos tanto do voo quanto dos tremores, o gasto metabólico médio por unidade
de tempo necessário para uma abelha forragear tende a aumentar à medida que a
temperatura ambiente diminui.
Agora vamos analisar a
recompensa energética pelo voo de forrageamento.
Uma abelha, do porte
da Mangangava, voando em um ambiente a 0ºC chega a gastar até 12,5J por minuto de
atividade de forrageamento.
O néctar disponibilizado por uma flor de rododendro
(por exemplo) equivale a 1,7J de energia.
Assim, neste ambiente esta abelha
teria que forragear de 7 a 8 flores de rododendro somente para atingir suas
necessidades de operação.
As mamangavas conseguem forragear com eficiência até
20 flores de rododendro por minuto.
Desse modo, conforme
a temperatura ambiente, as abelhas buscam fontes com mais ou menos
disponibilidade energética, de modo que possam trabalhar e ainda sobrar alimento para levar para suas colmeias. Pois
na colmeia terão também que vibrar para produzir calor e manter a temperatura das
células de cria.
Em tempos mais
quentes aceitam forragear flores que disponibilizam néctar mais aquoso como das
cerejeiras (0,21J por flor), mas no inverno ou em regiões frias, passam direto
pelas cerejeiras e buscam por espécies florais mais energéticas.
Dependendo da espécie
da abelha, ela tem um custo maior ou menor para forragear, e voarão diretamente para as flores
que apresentem néctar com quantidade suficiente de frutose e/ou glicose, e que
ofereçam um ganho energético.
Guardadas as devidas
proporções, todas as espécies de abelhas melíponas se comportam de maneira semelhante.
E assim acho que se resolve O MISTÉRIO SOBRE AS PREFERÊNCIAS FLORAIS.
Meliponicultores já relataram astrapéias plantadas perto de lagos, que chegam a escorrer néctar, certamente o teor de frutose e/ou glicose do néctar desta astrapéia é menor do que outra astrapéia plantada em solo não tão encharcado.
E o mesmo se dá com diversas outras flores, umas plantadas em solos mais ricos em nutrientes, ou submetidas a maior exposição solar e portanto sob maior atividade metabólica.
Então, o meliponicultor cuidadoso, deve se atentar para o tamanho da espécie de abelha criada. Dependendo do seu tamanho e volume de indivíduos na área do meliponário, o pasto melífero poderia ter seu solo mais enriquecido antes do inverno, por exemplo. Ou escolher locais mais ensolarados para plantar aquela mudinha melífera especial!
Com certeza abelhas escoteiras, quando vão em busca de alimentos, conseguem perceber estas diferenças num tocar de língua!!
É toda a complexidade de uma equação matemática na ponta da língua de uma abelha!!
Esse "serzinho" tão inteligente só pode ter sido criado por uma Mente Maior!!
E assim acho que se resolve O MISTÉRIO SOBRE AS PREFERÊNCIAS FLORAIS.
Meliponicultores já relataram astrapéias plantadas perto de lagos, que chegam a escorrer néctar, certamente o teor de frutose e/ou glicose do néctar desta astrapéia é menor do que outra astrapéia plantada em solo não tão encharcado.
E o mesmo se dá com diversas outras flores, umas plantadas em solos mais ricos em nutrientes, ou submetidas a maior exposição solar e portanto sob maior atividade metabólica.
Então, o meliponicultor cuidadoso, deve se atentar para o tamanho da espécie de abelha criada. Dependendo do seu tamanho e volume de indivíduos na área do meliponário, o pasto melífero poderia ter seu solo mais enriquecido antes do inverno, por exemplo. Ou escolher locais mais ensolarados para plantar aquela mudinha melífera especial!
Com certeza abelhas escoteiras, quando vão em busca de alimentos, conseguem perceber estas diferenças num tocar de língua!!
É toda a complexidade de uma equação matemática na ponta da língua de uma abelha!!
Esse "serzinho" tão inteligente só pode ter sido criado por uma Mente Maior!!
Medina
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