Eu e minhas divagações!
Não sei como, mas meu “vício” por
abelhas é tão grande que começo a enxergá-las em vários assuntos que me
envolvem. Estava lendo um texto sobre entropia e sintropia que me enviaram, e
como tenho estado afastado das terminologias da termodinâmica, resolvi dar uma
relembrada lendo algum material. Não teve jeito, foi ler as 3 leis e logo fazer
uma abelhuda associação, talvez possam até achá-la absurda!
Então a Primeira Lei da
Abelhadinâmica – por associação - "Se dois corpos A e B estão
separadamente em equilíbrio térmico com um terceiro corpo
C, então A e B estão em equilíbrio térmico entre si." Traduzindo: Se as abelhas
e a civilização estiverem separadamente em equilíbrio com a natureza, então abelhas
e civilização estarão em equilíbrio entre si!
Segunda associação - “O calor não
pode fluir, de forma espontânea, de um corpo de temperatura menor, para um
outro corpo de temperatura mais alta.” Traduzindo: Os resultados da polinização
não podem fluir, de forma espontânea, de um gênero de insetos que trabalham em
prol da natureza para um conjunto de animais que destroem a natureza.
E finalmente a última lei da
Abelhadinâmica. “Sempre que um sistema encontra-se em equilíbrio termodinâmico,
a sua entropia aproxima-se de zero.” Traduzindo: Sempre que a natureza
encontra-se em equilíbrio abelhadinâmico, a sua entropia aproxima-se de zero!
Para deixar mais clara a
nomenclatura usada na 3ª Lei da Abelhadinâmica, podemos entender que o termo entropia,
criado pelo físico alemão Rudolf Clausius, significa desordem/confusão que
tende a aumentar e se propagar, e foi cunhado para explicar os princípios de
Carnot. Classicamente define-se entropia como sendo a quantidade energia de um
sistema que não pode ser convertida em algo útil. O termo entropia significando
uma desordem sem função útil, também foi aplicado nas mais diversas áreas do
conhecimento, tais como: a Teoria da Informação, a Fisiologia, a Ecologia e a
Economia, e até no Criacionismo!
Já o termo "sintropia",
por sua vez, foi cunhado pelo matemático italiano Luigi Fantappiè, (do grego
syn=juntos, tropos=tendência), a fim de descrever as propriedades matemáticas
da solução de ondas avançadas da equação de Klein-Gordon, que une mecânica quântica
com a relatividade. Mas tem sido
aplicada como a tendência para a concentração de energia, ordem, organização e
vida. Não tem o conceito diretamente oposto à entropia como muitos pensam, mas
sim complementar. Sintropia define o crescente nível de organização de forma
complexa e inteligente sobre um ambiente entrópico, de modo a sempre dar uma
finalidade útil, retroalimentando um sistema.
Meio estranha esta lógica,
aparentemente sem lógica, mas é mais ou menos por aí que o conceito de
sintropia caminha. Um princípio regido por uma inteligência complexa, que tende a buscar a ordenação e finalidade útil do que se encontra em desordem.
Ernst Götsch traduziu sintropia
como a tendência ao aumento da organização e da complexidade na rede de atores
que atuam da natureza, de forma a aumentar os recursos e energia disponível no
ecossistema. Para Götsch essa lógica se manifesta tanto no microcosmo quanto no
macrocosmo, e é entendida como a força motriz dos sistemas naturais que
organizam e otimizam sistemas entrópicos, gerando mais complexidade sintrópica.
O que gostei na explicação que
ele deu, foi o exemplo com as abelhas! Ernst Götsch explica que apesar das abelhas
parecerem seres que poderiam ser consideradas como entrópicas (geradoras de
desordem) em si, pois consomem uma grande quantidade de néctar e pólen ao longo
de sua vida (trazendo desequilíbrio com esta coleta em grande volume e maneira continuada),
no balanço geral de um sistema maior são altamente sintrópicas (ou seja, geradoras de equilíbrio).
A mensagem brilhante neste
exemplo do Ernst, é que ele leva em conta os diversos efeitos benéficos da ação
polinizadora das abelhas dentro de um macro sistema acima das abelhas. Os
efeitos da polinização são fundamentais tanto para o equilíbrio quanto para a
potencialização dos recursos do macro sistema como um todo. Resumindo o que ele
quer dizer, é que apesar das abelhas extraírem muitos recursos florais, retribuem
com o efeito da polinização, que não só beneficia a própria planta doadora de
recursos, mas também toda a cadeia alimentar que é formada a partir da
polinização, e assim o ciclo se mantém, e a planta continuará a poder ceder
recursos fartos para as abelhas sem se extinguir.
Baseado nesta lógica, aplicarei a
abelhadinâmica em nossas vidas, analisando também a sintropia e a entropia!
A civilização atual apresenta
capacidade investigatória científica suficiente para conseguirmos analisar com
clareza os impactos e consequências das várias atividades da vida moderna sobre
o meio ambiente, é só querer ser honesto e verdadeiro. E deve-se deixar claro
que NÓS estamos contidos no meio ambiente! Por estarmos diretamente implicados
no sistema, temos que desenvolver a capacidade de parar, e analisar fria e honestamente,
se os resultados são entrópicos ou sintrópicos ao grande sistema a que
pertencemos!
Posso deduzir rapidamente que o
homem moderno não aplica as 3 Leis básicas da Abelhadinâmica!
Vou tentar destacar e comentar algumas
atividades que, em minha opinião e acredito ser também da maioria dentro da
AME-RIO, são perigosamente entrópicas (desorganizadas) e prejudiciais às
abelhas, e por tanto aplicando-se a 2ª Lei da Abelhadinâmica, também à
civilização.
Vamos colocar em pauta um Tendão de Aquiles da nossa
civilização: a agroindústria, por exemplo.
Qualquer discussão que se dê início em uma roda de pessoas sobre as consequências entrópicas da agroindústria, vem a tona argumentações que apontam o total desequilíbrio que está sendo gerado: ser praticada nos atuais moldes exploratórios, pode-se dizer extrativista; ser baseada em uma lógica de produção sem preocupação com o solo ou com o meio ambiente; e ser associada a um pacote
de agrotóxicos e fertilizantes químicos, que alteram todos os ciclos naturais.
O primeiro e único contra-argumento trazido em pauta
pelos seus defensores é: “Já somos 7 bilhões de pessoas, se a agropecuária não
fosse praticada nos atuais moldes, a humanidade morreria de fome”...
Ernst Cassirer diz que "o inimigo da ciência não é a dúvida, mas o dogma". Esta contra-argumentação dos 7 bilhões engessa a visão dos acadêmicos, e dificulta que voltem suas atenções às pesquisas alternativas aos pacotes Tech!
Atualmente esta ideologia tem
sido vinculada como: “Agro é tech, Agro é pop, Agro é tudo” Concordo
em gênero, número e grau em relação ao slogan da campanha. A agropecuária tem
que estar embasada na tecnologia, e tem que ser voltada para a população. Mas o
triste desvio é quererem impor uma associação de “tecnologia” ao uso da
química como “defensivos fitosanitários”. Isso mesmo, “defensivos fitosanitários”
é o eufemismo criado para dissociar qualquer relação entre o perigo de usar
veneno na agricultura, e a ingestão contínua deste veneno pela população! A publicidade é tão forte que a maioria dos envolvidos na agricultura familiar considera agrotóxicos como um"remedinho" ou uma "enxada rápida"!
Eu me pergunto, como artifícios químicos
e altamente tóxicos como estes podem ser considerados “Tech” ou “Pop”? Não
fecham o ciclo, não trazem agregação ou vida para o ciclo em que estamos
inseridos. Matam abelhas, matam pessoas, quebram cadeias alimentares. São
entrópicos tanto na visão micro cosmo, como no ponto de vista do macro cosmo, e
só não percebe quem não quer!
Eu particularmente defendo a
agropecuária sintrópica, orgânica, o “slow food”. A agricultura sintrópica é a que
realmente agrega valor e vida ao alimento.
Para os mais radicais, aqueles que
defendem uma agropecuária mais intensa do que a orgânica ou sintrópica, ainda
existem tecnologias alternativas como as que utilizam os biodefensivos, ou
outras tecnologias que causam menor impacto ambiental. A meu ver não é a solução ideal, mas é menos agressiva, menos entrópica!
No contexto dos agrotóxicos tem lenha
para muita discussão, mas acredito que temos a obrigação de conduzir o diálogo à
luz da manutenção dos recursos futuros e das consequências diretas que estão
ocorrendo ao adotarmos tecnologias entrópicas, como a dos agrotóxicos. Entendo que usar veneno é um conceito imposto de
geração em geração de modo a formar uma nova ideologia, desta vez não a de
gênero, mas a de propósito. O veneno trocou de nome: agora é “Defensivo Fitosanitário”,
virou POP e estrela de comercial! Controle Fitosanitário é Tech, é Pop, graças
a PL 6299/02 e PL 3200/15, propostas pela bancada ruralista, que proíbem o uso do
termo “agrotóxico”. E qual é o propósito? Sanar a fome?
Outra grande ideia imposta,
associada aos venenos e adubos químicos são as sementes transgênicas. A grande
ideia tecnológica é gerar “plantas veneno”, para matar as pragas que comem o
precioso alimento que salvará o planeta da fome! Tecnicamente não se sabe se é
uma planta realmente ou um veneno disfarçado!
Contra esta ideia mórbida não há
como não argumentar: se a folha de uma planta transgênica mata um inseto
centenas de vezes menor que o ser humano, pode em algum momento também causar
algum dano neste mesmo ser humano que se alimenta deste mesmo tipo de planta
por 50 ou mais anos seguidos!! É a associação mais básica que pode ocorrer até
a uma criança! Mas os defensores da indústria do veneno logo citam Paracelsos,
e declaram que o que torna uma substância em veneno é a dosagem! E ignoram premeditadamente
o efeito cumulativo ou a toxidade crônica! Afinal as sementes destas plantas
são patenteadas e as indústrias lucram uma fortuna, e uma pessoa não viverá
tanto tempo para evidenciar os seus efeitos!
Abro um parênteses, para trazer abaixo
maiores informações sobre a contra argumentação Paracelsos.
Hoje já se conhece mais sobre o processo de INTOXICAÇÃO, que pode ser
desdobrado, para fins didáticos, em quatro fases:
Fase de Exposição: É a fase em que as
superfícies externa ou interna do organismo entram em contato com a substância.
Importante considerar nesta fase a via de introdução, a frequência e a duração
da exposição, as propriedades físico-químicas, assim como a dose ou a
concentração e a susceptibilidade individual.
Fase de Toxicocinética: Inclui todos os processos
envolvidos na relação entre a disponibilidade química e a concentração da
substância nos diferentes tecidos do organismo. Intervêm nesta fase a absorção,
a distribuição, o armazenamento, a biotransformação, assim como a velocidade de
sua eliminação do organismo.
Fase de Toxicodinâmica: Compreende a interação entre
as moléculas da substância e os sítios de ação, específicos ou não, e consequentemente,
o aparecimento de desequilíbrio.
Fase Clínica: É a fase em que há evidências
de sinais e sintomas, ou ainda, alterações patológicas detectáveis mediante
provas diagnósticas, caracterizando os efeitos nocivos provocados pela
interação do toxicante com o organismo.
Como pode ser deduzido pelo resumo acima a única alteração, entre as 4 fases, que pode ser detectada pelo homem comum no SUS (Sistema Único de Saúde) é a fase clínica, onde as evidências se manifestam sem deixar dúvidas da toxicidade!
A outra alternativa de “Agro tech”
que querem impor como coerente é usar outro tipo de plantas alteradas
geneticamente, as que resistem a um veneno em específico. Desse modo pode-se
aplicar veneno com mais “segurança” na lavoura.
O que significa “mais segurança” na lavoura “Agro tech”? Significa poder
aplicar mais vezes veneno, pois a planta cultivada não morrerá pelo excesso
daquele veneno!
Os defensores deste modelo
agressivo e suicida de agricultura alegam que o agricultor aproveita desta
resistência e excede desnecessariamente nas aplicações dos “defensivos
fitosanitários”. Porém quem visa apena$ o
lucro não quer ga$tar mai$ recur$o$ comprando mai$ veneno do que o nece$$ário. Afinal quem lida com estes grandes volumes de agrotóxicos são os grandes empresários da agroindústria, e não o agricultor da agricultura familiar!
Mas a mídia não comenta que os tais “defensivos fitosanitários” não estão mais fazendo os efeitos esperados.
E com esta lógica incoerente, como justificar o “Agro pop”?
Como justificar a
população que consome frutos envenenados?
Ou como justificar a população de
polinizadores, que morrem ao pousar nessas flores regadas a veneno?
Nego tecer
mais comentários, de algo tão evidente! Apenas pergunto: matar polinizador tem
relação com tecnologia? Alimentar a população com veneno significa tecnologia? A
meu ver estas atividades têm outros nomes!
Como este pensamento pode ser
Pop, ou mesmo Tech? Para mim fere a 3ª Lei da Abelhadinâmica: - Sempre que a
natureza encontra-se em equilíbrio abelhadinâmico, a sua entropia (desordem)
aproxima-se de zero!
A partir de 2008, o Brasil passou
a ocupar o primeiro lugar no ranking mundial de maior consumidor de
agrotóxicos. Segundo a ANVISA e o Observatório da Indústria dos Agrotóxicos da
Universidade Federal do Paraná, enquanto nos últimos dez anos o mercado mundial
de agrotóxicos cresceu 93%, no Brasil o crescimento foi de 190%. A agricultura
brasileira caracteriza-se pelo crescente consumo de agroquímicos, associado ao
aumento proporcional das monoculturas, cada vez mais dependentes dos insumos
químicos, um modelo de produção que difunde a falsa ideia de que a “modernidade"
no campo gera progresso, emprego, renda e elimina a fome.
A presença de agrotóxicos nos
alimentos é conhecida pela população, porém o impacto e malefícios na saúde
ainda é vergonhosamente pouco divulgado. A pesquisadora do Instituto Nacional
do Câncer - Márcia Sarpa - afirma que há fragilidades nos critérios de
classificação toxicológica dos agrotóxicos utilizados pela Anvisa. Para Sarpa a
classificação é vaga uma vez que leva em consideração apenas uma exposição por
um curto período de tempo. "Há os efeitos neurotóxicos, que são efeitos
sobre o sistema nervoso central, por exemplo o Mal de Parkinson também já foi
associado a exposição aos compostos” afirma.
Se agrotóxicos geram efeitos neurotóxicos
constatados em seres humanos, por que não gerariam nas abelhas? Para mim o uso de agrotóxicos para produzir
alimentos é altamente entrópico!
Mas vamos mais adiante com as argumentações
sugeridas pelos defensores da AgroTech, vamos tentar entender esta corrida pela
produção de mais e mais alimentos para matar a fome de 7 bilhões baseada neste
pacote tecnológico tóxico-químico.
Conseguimos manter o planeta
equilibrado e alimentado com o que
produzimos? Eu gosto de fazer associações palpáveis para poder chegar a alguma
conclusão, e para isso fui buscar mais algumas informações, vamos a elas ...
Não sei por que razão,
tomei como base de parâmetros o Município de JATAÍ, no meio de Goiás, cerrado
brasileiro, distante 1098 km do porto de Santos. Jataí é considerada a capital
da produção de grãos e leite de Goiás e o maior produtor nacional de milho. Tenho medo de
pensar o porquê do nome Jataí para este município no meio de Goiás. Será que
existiam muitas jataís?
Deixemos de lado as jataís do
município de Jataí, pois elas devem agora ser muito raras, e vamos aos seus agricultores.
Eles e os demais agricultores de Goiás esperam colher nesta safra mais de dez
milhões de toneladas de grãos, mas escoar a produção é um desafio, já que
várias rodovias estão em péssimas condições, o que já é um absurdo para um eixo
integrador produtor/exportador!
Fora as condições das estradas, deve-se
considerar as caçambas dos caminhões. São aquelas mesmas que também levam madeira,
caixotes etc. Pode não parecer importante, mas estas caçambas chegam a perder
até 700 quilos de grãos em um trecho de 450 quilômetros. Fazendo as contas, podemos
supor que ao percorrer os 1098 km até o porto de Santos, pode haver uma perda
de até 1700 kg de grãos jogados ao longo da estrada por um único caminhão!
Reportagens supõem perdas de até 115 mil toneladas só no transporte dos grãos
oriundos do cerrado.
A grande pergunta é: para que
produzir mais, se a tecnologia de transporte não acompanha a de produção? 115
mil toneladas de grãos alimenta MUITA gente!!! Onde está a sintropia, onde está a agregação
de utilidade, de coesão, de ordenamento inteligente?
Então agora vamos analisar a
coleta de grãos. É sabido, no milho por exemplo, que a coleta mais eficiente é
feita manualmente, e o método manual é inclusive usado como referência padrão
nas comparações das máquinas colheitadeiras. Pois bem, a perda aceitável foi
determinada em 60Kg/ha, mas na realidade estimam-se perdas nesta operação de
até 109kg/ha. Só o município de Jataí que contabiliza 220 mil ha de milho
plantado na safrinha de 2017, pode-se chegar a uma perda, só na colheita, de 11881
ton de grãos!! Cadê a sintropia (utilidade/agregação inteligente) nisso tudo?
Não bastasse o desperdício comprovado
em toda a cadeia de produção, a tecnologia burra para alimentar 7 bilhões de
pessoas conseguiu extinguir 80% do cerrado, o que se traduz de imediato na
alteração da capacidade de absorção de água pela terra, e na alteração dos
ciclos da chuvas só para começo de conversa...
O arqueólogo Altair Sales Barbosa, que há quase 50 anos estuda o papel
do Cerrado na regulação de grandes rios da América do Sul alerta:
“O rio São
Francisco está secando, haverá cada vez menos água em Brasília e a cidade de
São Paulo terá de aprender a conviver com racionamentos.”
De quebra, o milionário agronegócio
ainda levou junto com a extinção dos 80% do cerrado, quase 100% das abelhas
nativas. A visão “tecnológica” destes
milionários investidores é que abelhas não são essenciais aos seus negócios! Se
não fosse a paixão dos meliponicultores, enfrentando leis e regulamentos
distorcidos impostos a nossa classe, muitas abelhas só poderiam ser vistas nos
livros de histórias.
Me referi acima só a região
central do Brasil, temos agroindústria suicida no sul, sudeste, norte e
nordeste! É muito desmatamento! É muita abelha extinta! É muita incoerência!
Aplicação direta da 2ª Lei da
Abelhadinâmica, o resultado do trabalho dos polinizadores não consegue fluir
para os animais humanos que se mostram cada vez mais devastadores! A fome em
diversas partes do planeta continua a existir, não pela falta de alimento, mas
pelo egoísmo. A população brasileira e trabalhadores vem contabilizando um
aumento de canceres. Tudo altamente entrópico (desordem generalizada)!
Não vou mais cansar ninguém com
esta leitura chata, mas não posso deixar de trazer mais um dado para tentar
responder a pergunta:
Vamos matar a fome do Mundo?
Soja no Brasil
(segundo maior produtor mundial do grão)
Fonte: CONAB
Produção: 113,923 milhões de toneladas
Área plantada: 33,890 milhões de hectares
Produtividade: 3.362 kg/ha
Consumo interno de soja em grão: 47,281 milhões
de toneladas
Exportação de soja em grão: 51,6 milhões de
toneladas - U$ 19,3 bilhões
Exportação de farelo: 14,4 milhões de toneladas
- U$ 5,2 bilhões
Alimentamos toda a população
brasileira (208 milhões) com 47 milhões de toneladas de grãos, e ainda exportamos
um excedente de 66 milhões de toneladas somente de grãos e farelo, e pergunto:
para onde vão estes grãos todos, o que levam junto deles para fora de nossas
terras? Matam a fome das zonas esquecidas e famintas do planeta?
Junto com estes 66 milhões de
toneladas de grãos e farelo estão sendo também exportadas a água de Brasilia e
de São Paulo. Contabilizando só a região centro-oeste brasileira, cada grão
leva junto, parte dos nossos 80% de Cerrado devastado, e a vida das nossas
abelhas nativas que viviam lá! Exportam a cada ano nacos generosos dos nossos
recursos naturais dos 5 cantos do Brasil que deveríamos entregar aos nossos
filhos e netos.
Proporcional ao crescimento das exportações, crescem casos de
câncer que matam os brasileiros. Isso só
focando a produção de grãos, e se contabilizar os demais insumos exportados,
carne, frutas, algodão, etc? E o lucro imediato e financeiro destas exportações,
onde está? Em qual banco internacional, em qual investimento internacional?
O mais covarde em toda esta
entropia é a imposição da ideologia dos “defensivos fitossanitários” às
crianças que ainda não constituíram e acumularam informações suficientes para
julgar! Lindos e bem editados desenhos animados são produzidos por empresas que
fabricam veneno, e já tentam implantar a incoerente ideia nas crianças, de que
as abelhas só nos cobram “respeito” e “o uso correto dos defensivos e
tecnologias agrícolas” em troca da polinização!
Esta é a informação dada nos
últimos segundos de exibição, após uma apresentação linda e impecável sobre a
importância das abelhas!
Acho que já pensei e falei demais
para demonstrar a incoerência em não se aplicar as 3 Leis da Abelhadinâmica em
nosso sistema produtivo de alimentos. Um conjunto de Leis que mostram uma visão
bem melipônica dos efeitos sobre nossas abelhas, e sobre nós mesmos, da tecnologia baseada em agrotóxicos!
A tecnologia que querem impor é
agressiva à natureza, incoerente, destrói o palco agrícola, todos seus atores
diretos (abelhas e produtores) e indiretos. Mata a fome e simultaneamente o
próprio consumidor. Gera-se total desordem tanto ao nível micro como macro do
sistema. A entropia causada não estabelece uma sintropia em um plano maior, tal como
o exemplo das abelhas do Ernst Götsch. Não conseguimos matar a fome do Mundo, no
entanto envenenamos milhares de pessoas, bilhões de polinizadores, destruímos centenas
cadeias alimentares completas, e implacavelmente destruímos os recursos
naturais futuros de nossos herdeiros, estamos transformando vida em deserto!
Não consigo ver qualquer sinal
mínimo que seja de equilíbrio entre civilização, natureza e abelhas (1ª Lei),
de haver fluência de algum benefício em prol dos polinizadores (2ª Lei), ou de um
mínimo de sintropia/equilíbrio inteligente como consequência da ação da nossa civilização
sobre a natureza (3ª Lei).
Situação muito triste, mas
reversível!
Existem 3 níveis de atuação dentro do “sistema civilização”, e um
deles pode ser alterado trazendo equilíbrio: Dentro do sistema civilização
existem os que lutam pela entropia, os que lutam pela sintropia, e os
indiferentes.
A virtude da nossa geração é a
atividade intelectual, e nosso vício é a indiferença moral.
Não olhar para os lados é pior que ser cego.
Não olhar para o outro é o mesmo que desconhecer a si mesmo.
Não perceber o que acontece é ignorância, mas, perceber, e não
interferir, é egoísmo.
Não sejamos indiferentes às tecnologias que nos matam!
Não sejamos indiferentes ao clamor dos polinizadores que vêm sendo
extintos sucessivamente!
Sejamos como as abelhas: Vamos espalhar vida, cooperação, justiça por
onde passarmos!
MEDINA