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domingo, 31 de julho de 2016

Para a Abelha, Este ABC

Lembrar de abelhas sem ferrão é remeter o pensamento ao Brasil Caboclo.
O som do vento e do silêncio; Aromas do mato...
Vem à mente campos, florestas e sertão! É no cerrado, de norte a sul, que o povo valoriza essas Amigas. Pare eles, estas abelhas são a origem do mel que tem verdadeiro valor. E sobre estas abelhas amigas, cantam e recitam suas virtudes.
Divido com vocês este Cordel ABC de Paulo Nunes Batista: 

À abelha, o pequeno inseto 
Que da flor fabrica o mel – 
Esse líquido dourado 
Que da vida adoça o fel -, 
Como uma prova de apreço 
E gratidão, ofereço 
Este abc de cordel. 

B 
Buscando, de flor em flor, 
A base de que precisa 
Para o fabrico da cera 
E do mel, a abelha visa 
Construir o seu cortiço... 
E nem sabe que, com isso, 
Um grande bem realiza. 

Colméia ou cortiço é a casa 
Onde fazem moradia 
As abelhas – seu enxame- 
De onde partem todo dia 
As obreiras – como orquestra 
Que obedecem à abelha mestra, 
Regente da sinfonia... 

Dentro das leis “sociais” 
Vive a abelha, na verdade, 
Pois o cortiço ou colméia 
É uma bela sociedade 
Onde a JUSTIÇA se aninha: 
Todas, da abelha rainha 
Seguem à risca a autoridade. 

Em cada enxame ou colônia 
De abelhas, vivem milhares. 
Formam três categorias 
Distintas e singulares: 
A rainha, as operárias 
E os zangões – tão solidárias 
Como asas cruzando os ares. 

F 
Faz, cada categoria, 
Suas precisas funções. 
A rainha é uma só; 
Centos – os zangões; 
Mais de mil operárias. 
E – todas – são necessárias 
Cumprindo suas missões. 

G 
Geléia Real se chama 
Esse produto ideal 
Que abelhas jovens secretam, 
Sendo, de forma integral, 
O alimento da rainha, 
Que vai comandar, sozinha, 
A organização geral. 

H 
Há uma rainha somente- 
Atriz que encanta a platéia- 
Mãe de todas as abelhas, 
Vivendo só da geléia: 
Traz unido o enxame inteiro 
Pelo feromônio – o cheiro 
Com que domina a colméia. 

Irradiando esse cheiro 
Governa seus comandados. 
Põe muitos ovos por dia 
Que podem ser fecundados 
Ou não – e, nas proporções 
Dos últimos, os zangões 
São, enfim, originados. 

J 
Jaramataia, Tujuba, 
Jandaíra, Jataí, 
Saranhão, Iraí, 
Mandaçaia, Manduri, 
A Tuiuva, a Guapuru 
Mais a Amarela e a Uruçu- 
Abelhas que eu cito aqui. 

Larva é esse estágio entre o ovo 
E a abelha, aquele momento 
Em que o inseto ainda se encontra 
Em seu desenvolvimento. 
As luvas ao meliponicultor 
Têm seu preciso valor 
- são da higiene um instrumento. 

M 
MEL – alimento mais nobre, 
Grande fonte de energia. 
Antes que o homem existisse 
O mel na Terra existia. 
O dourado mel de abelhas 
Mostra em líquidas centelhas 
O caminho da Harmonia. 

Néctar – o líquido doce 
Secretado pelas flores- 
É do mel matéria prima, 
Fonte de veros valores. 
O mel quanto mais escuro 
Mais força tem, pelo apuro 
Dos sais, em vários sabores. 

O 
Operária – abelha fêmea 
Estéril, gerada de ovo 
Fecundado e que trabalha 
Para servir o seu “povo” 
Como ama ou cerieira, 
Nutriz, guardiã, campeira, 
Faxineira... irmã que eu louvo! 

P 
Pólen – célula da flor, 
Sexual, masculina- 
De que a abelha faz o pão, 
Riquíssimo em proteína. 
O própolis, vegetal, 
É remédio natural 
Da abelha, feito resina. 

Q 
Quadro ou alça é uma forma 
Retangular, de madeira, 
Bolada pelo homem, e serve para 
com ela dividir-se a casa 
Mora num lado, noutro os potes 
Assim organizados os suportes 
Lá depositam as campeiras. 

Rainha ou mestra é uma fêmea 
Que comanda todo o enxame. 
Toda abelha lhe obedece 
Sem preguiça e sem vexame. 
Chega a viver 5 anos. 
O seu exemplo aos humanos 
Merece melhor exame. 

S 
Serve a abelha como agente 
Para a polinização 
Leva do pólen da antera, 
Até o estigma, o grão. 
A abelha, no vôo da hora 
Garante a vida da flora 
Pela multiplicação. 

Trabalho – é sua existência 
Socialmente organizada. 
A abelha cumpre a tarefa 
Que lhe fora destinada. 
Desde a operária ao zangão 
Cada qual faz a função 
De forma socializada. 

União – lição que a abelha 
Dá pra toda a humanidade. 
Não há inveja nem crime 
Na sua comunidade: 
Mandaguari, Jandaíra, 
Jataizão, Cupira, 
Trabalham em fraternidade. 

V 
Vitamina é componente 
Do mel, do pólen também. 
Da colméia para as flores 
Nesse eterno vai-e-vem, 
Dia e noite trabalhando 
A abelha vai fabricando 
O mel que faz tanto bem. 

Xis da abelha é produzir 
Com seu trabalho fiel 
Esse néctar dos deuses- 
A maravilha do mel. 
Homem nenhum lhe ensinou, 
Mas Deus lhe determinou- 
E ela cumpre o seu papel. 

Zumbido que sai das asas 
No vôo que longe alcança 
Trazendo o melhor das flores: 
A abelha nunca se cansa. 
E quando volta ao cortiço, 
Cumprindo bem seu serviço, 
De tão feliz ela dança. 

Anápolis, 11/11/2000. 



Paulo Nunes Batista 


77 anos - é poeta popular e erudito e escritor;


Autor de vários livros (em poesia e prosa) e inúmeros cordéis, folhas volantes e ABCs. 
Considerado o melhor Abecedista do Brasil. Paraibano, descendente de uma família paraibana, de grandes poetas e repentistas, radicado em Anápolis-Go há quarenta anos. 
Já morou em diversas capitais brasileiras, batalhando a vida. 
Antigo militante do PCB de 1946 a 1952, chegou a ser preso. 
Hoje, espírita. Formado em Direito. Pertence a Academia Goiana de Letras, em cuja posse, fez o discurso rimado. 
Tem publicações espalhadas pela imprensa do país e em Portugal, onde já representou o Brasil no cordel. 


Baseado e Adaptado 
By MEDINA

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