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quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Bichinhos de Estimação do 3º Milênio



Já estamos quase com o pé dentro do verão ... Aqui na região sudeste do Brasil significa temperaturas altas e muita chuva ... Calor e temporais alternando-se até que cheguem “as águas de março fechando o verão” ...

As águas do verão fazem despertar em nossa memória recente uma associação às grandes calamidades que costumam ocorrer pelo excesso de águas derramadas do céu em poucas horas de chuva ... morro do Bumba é uma delas. Infelizmente essa característica de precipitação sempre foi típica na nossa região tropical desde tempos coloniais. 
 
 Calcula-se hoje em dia que atinja-se uma média de 1600 mm concentrados nos meses de novembro a março.


Aí você me pergunta, o que tem haver meliponicultura com as chuvas de verão ???

Muito simples: como a meliponicultura é uma atividade que lida com animais domésticos, mas não em cativeiro, todo meliponicultor consequentemente dá muito valor às árvores e plantas em geral .... e se o meliponicultor for urbano, sempre pensa em um jardim florido, canteiros, árvores e até em tetos verdes ... não tem jeito é um comportamento automático de qualquer meliponicultor.  

O Blog “Tudo sobre Plantas” teceu os seguintes comentários sobre as áreas urbanas no verão:

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Não é incomum termos 100 mm de chuva em um único dia de verão, o que significa que 36.000 litros podem cair em um único lote regular (12 X 30 M) durante uma tempestade de verão. Multiplique esta quantidade de água pelo número de lotes, depois pelo número de quarteirões, depois pelo número de bairros em cada bacia hidrográfica urbana e imagine o impacto deste volume no sistema de escoamento pluvial da sua cidade.

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Vejamos os números: um lote regular de 12 x 30 M numa região onde chove 1600 mm recebe algo na magnitude de meio milhão de litros de água de chuva por ano. Se estiver 100% pavimentado este meio milhão de litros corre todo para a rede pluvial. A prefeitura, por sua vez, controla apenas 25% da área da cidade (total de ruas, parques e espaços públicos) mas tem de lidar com a totalidade da água de chuva.

Em resumo, a conta não fecha. É economicamente inviável (para não dizer quase impossível) absorver esta quantidade gigantesca de água em apenas um quarto da superfície urbana, mesmo que o poder público faça tudo certo em termos de pavimentação permeável, piscinões, áreas de escoamento retardado, etc…

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Um único jardim de 36 m2 (6 x 6 m ou qualquer combinação de jardins menores que somando 36 m2) rebaixado 10 cm do solo pode colecionar o volume inteiro de 10mm de chuva em poucas horas (80% dos dias de chuva anuais) que caem na propriedade. Dado que a maioria dos solos no Brasil tem uma taxa de infiltração variável entre 10 a 25 mm por hora, um sistema simples de jardins ligeiramente rebaixados para receber a água de chuva podem diminuir significativamente o volume de água que corre pelas ruas e pela rede publica, reduzindo a destruição e prejuízos nas áreas mais baixas.

Se não houver espaço para um jardim deste tamanho qualquer canteirinho pequeno ajuda. Um único metro quadrado de exposição do solo pode absorver milhares de litros de água por ano.

Tomando uma perspectiva histórica, fica claro que os ibéricos que colonizaram as Américas 500 anos atrás nunca estiveram preparados para tanta água, advindo de lugares onde chove muito menos (500mm por ano em Lisboa, 300mm em Madrid). Mesmo depois dos movimentos de independência no inicio do séc XIX, a tendência de importação de modelos continua, provenientes de Paris (600mm) ou Londres (750mm) com cerca de metade da quantidade de chuva média anual das grandes cidades brasileiras.

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Eu diria que no dia a dia de um meliponicultor não se contabiliza este tipo de problemática, e que o nosso olhar seja um pouco diferente do exposto acima pelo amigo blogueiro, talvez seja assim:


Não é comum se ter 1 caixa de melípona em um único lote urbano, e caso tenhamos uma caixa significa que pelo menos 1 litro de mel poderia ser produzido em um único lote regular (12 X 30 M) urbano desde que o mesmo tivesse os espaços bem aproveitados com plantas melíferas. 
  Multiplique esta quantidade de plantas pelo número de lotes, depois pelo número de quarteirões, depois pelo número de bairros em cada bacia hidrográfica urbana e imagine o volume de mel que poderia ser produzido dentro da cidade !?!?!

Se convencermos nosso vizinho a fazer um canteiro de flores ou a plantar uma árvore na sua calçada, a nossa caixa estaria mais bem abastecida no verão e garantida com alimento para o inverno. Quem sabe até mais caixas poderiam ser instaladas !!!


 A prefeitura, por sua vez, controlando apenas 25% da área da cidade (total de ruas, parques e espaços públicos), quase não planta jardins floridos e tem de lidar com a manutenção de muitas praças. Já que a prefeitura não dá conta, posso tentar plantar mudas nas praças e terrenos abandonados. Ou podemos ajudar na fiscalização para que a manutenção das praças seja feita corretamente, ou combater as podas mal feitas.
 
Árvore derrubada é motivo de briga para um meliponicultor. Morros urbanos sem árvores, ou com árvores e invadidos por construções ilegais, são motivo de lágrimas e denúncias.
 Em caso de necessidade, com certeza, pode contar com qualquer meliponicultor para um mutirão em praças ou canteiros.

Assim, apesar de nós meliponicultores não pensarmos muito em enchentes de verão, percebo que acabamos sendo um instrumento e/ou fiscais inconscientes contra as enchentes urbanas e desmoronamentos de morros.   


As abelhas sem ferrão são mais ou menos como gatos, ficam em casa ali ao nosso lado, no entanto prezam sua liberdade de ir e vir quando quiserem. São animais sociais e sociáveis, mas precisam estar junto à natureza, ao pólen, ao néctar ... mais exigentes do que os gatos, não devem ser mantidos só a base de ração.  

 
 Uma caixa de abelha nativa em casa é como um aquário aberto, chamego que toda criança gostaria de ter por perto para ficar observando, mexer, interagir.
 
Com vistas à lei de meliponicultura de Santa Catarina, que oficializou a possibilidade de criar meliponas em área urbana, talvez possamos vislumbrar em um futuro próximo o aumento da atividade meliponica nesses bolsões de concreto armado que são as grandes cidades. E com o aumento de meliponicultores urbanos por lá, quiçá Santa Catarina transforme seus aglomerados municipais em áreas mais esverdeadas, nos dando exemplo de como devem ser as cidades do novo milênio.

Na verdade, desde os tempos das cavernas o bicho homem tenta não ser a presa da vez, e busca proteção em cavernas, que evoluíram para casas, castelos, prédios ... cidades ... megalópoles. Nesta evolução esqueceram que estas “bolhas de proteção” continuam dentro da natureza e invariavelmente interagem com o ciclo natural da Mãe Terra.

As abelhas sem ferrão podem ser consideradas como os animais domésticos que mais nos aproxima e nos lembram desta interação natural com o meio que nos abriga, que mais nos lembram que dependemos do verde .... que nem tudo se encontra na prateleira do supermercado ou do shopping.
 

Tragamos a natureza para dentro de nosso cotidiano urbano!!
 Plantemos árvores, muitas árvores, 
Façamos jardins, 
Incrementemos os canteiros municipais, 
Invistamos em paredes vivas, 
Troquemos as coberturas por tetos verdes, 
Optemos por calçadas permeáveis verdes ... 
 
Não serão só as abelhas sem ferrão que agradecerão, mas todos notaremos a temperatura amenizar, as enchentes diminuírem, a qualidade do ar melhorar ... a meliponicultura realmente pode ser considerada como uma atividade do 3º milênio !!!


Levantemos a Bandeira da Meliponicultura !!!
Que os verões típicos se sucedam e que a meliponicultura se expanda, pois este é o nosso clima, e as abelhas sem ferrão nossas companheiras nativas trazendo soluções!!!  

MEDINA

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