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sábado, 19 de outubro de 2013

SUSTENTABILIDADE

Olha aquela abelha ali no muro .... dá nó no cabelo ... arranca ela dali !!! Não vai fazer diferença !! Olha aquele tronco podre no meio do jardim .... arranca ele que está enfeando a vista !!! Olha aquela árvore que desfolha todo outono .... arranca que suja a calçada e entope o ralo !!! Olha o canteiro cheio de mato ... arranca e cimenta que isso aqui é cidade grande, e o barro suja a sala de visita !!!
Preste atenção meu amigo .... você pode ser atingido pelos seus próprios atos !!!
 

Quem tiver curiosidade sobre as várias utilidades de uma árvore morta, pode visitar o blog: http://tudosobreplantas.wordpress.com/2013/10/12/a-importancia-das-arvores-mortas/#more-6622 , nele é possível ver um belo exemplo de quem tem consciência de que não é Doutor do Saber. 

Um dos casos contados neste Blog faz referência de como surgem buracos em uma árvore, fato que logo desperta uma associação de ideia a qualquer meliponicultor: Buraco em árvore = Casa de Abelha Sem Ferrão.

Mas como o assunto é SUSTENTABILIDADE e Abelhas Sem Ferrão, vamos deixar as árvores mortas por um momento e comentar sobre 4 "causos" de sustentabilidade que nos interessa .... pois são sobre "beia".     


 CASO HARPIA

A cadeia de sustentabilidade da qual as abelhas sem ferrão fazem parte é bem maior do que normalmente é possível perceber ou mesmo cogitar. Um fato interessante, que ocorreu em Minas Gerais, revelou e deixou bem claro o quanto a sustentabilidade de uma floresta é delicada.

Uma fazenda criatório de Roberto Azeredo, devidamente regularizado pelo Ibama, no município de Contagem, cria e também recebe espécies nativas em risco de extinção para a reintrodução em locais de onde desapareceram.

O criador diz que recebeu há alguns anos uma harpia repatriada da Alemanha. O poderoso animal que pode chegar a 7,5 quilos e 2 metros de envergadura, foi trazido de volta ao Brasil porque estava doente e poderia morrer se continuasse no Zôo daquele país. A ave sofria com uma produção excessiva de mucuo que lhe causava infecções respiratórias.

Assim que chegou ao criatório o criador percebeu a aproximação de uma quantidade grande de pequenas abelhas que ficaram revoando em torno do bico da ave. Já estava apto a tomar alguma atitude em vistas de protegê-la, quando reparou que as abelhas pousavam na narina, entrando e saindo sem que a Harpia se incomodasse. Resolveu esperar algum tempo, e para sua surpresa a ave foi paulatinamente melhorando e o mucuo desaparecendo.

Este caso já é conhecido por alguns cientistas brasileiros. Normalmente a harpia é visitada pela Paratrigona lineata, mas também tem outras espécies de trigonas que realizam este serviço, não só na Harpia, como em algumas outras aves.

Resumindo, assim como a Harpia não conseguiu manter sua saúde íntegra por muito tempo fora do seu habitat natural, também não conseguirá caso aconteça uma redução das abelhas sem ferrão na natureza.

A sustentabilidade do sistema florestal está totalmente coesa desde as menores criaturas até as de maior porte. E a necessidade de conservação das abelhas sem ferrão mostra-se mais uma vez patente, mesmo quando o assunto não é só polinização.


   Harpia (Harpia harpyja)



CASO LOBO GUARÁ

A cadeia alimentar influenciando na sustentabilidade foi constatada em outro caso também observado em Minas Gerais: Abelha sem Ferrão X Lobo Guará (Chrysocyon brachyurus). O Lobo Guará é o maior mamífero canídeo nativo da América do Sul.

Nosso Lobo Guará se alimenta em épocas de escassez de uma fruta conhecida localmente como LOBEIRA (Solanum lycocarpum). A Lobeira pode representar até 50% da dieta de um Lobo Guará, e uma das causas da morte do Lobo atualmente é a ausência da Lobeira suficientes em seu habitat, pois é considerada uma praga ao pasto bovino.
Além disso, um estudo demonstrou que a Lobeira tem ação terapêutica contra o verme-gigante-dos-rins que são fatais para as populações de lobos dela privados.

Porém a flor deste arbusto sofre da síndrome de melitofilia (abelhas) vibrátil. Ela só é eficientemente polinizada por abelhas nativas ( Augochloropsis sp. por exemplo) capazes de vibrar em frequência suficiente para liberar seu pólen.




CASO CASTANHA DO PARÁ

A Castanha do Pará chega a viver 1600 anos é tão dependente das abelhas sem ferrão para a polinização, que pesquisas apontaram problemas na polinização em indivíduos que se encontram isolados.

O ciclo reprodutivo da Castanha do Pará é bem complexo e pode ser resumido da seguinte forma:
A abelha Euglossa macho poliniza a flor da Castanheira, com isso absorve aroma desta flor para atrair sua fêmea. Fêmea e Macho desta espécie dependem de orquídeas para sobreviver. Sem as orquídeas não há Euglossa, e não há polinização. 
Mas mesmo que venha a haver a polinização e a produção de frutos, a dispersão das sementes só é possível com maior eficiência por meio das cotias. As sementes germinam depois de semi roídas e enterradas por cotias esquecidas.

Devido a interferência do bicho homem neste ciclo complexo, hoje o Brasil deixou para Bolivia a 1ª colocação na produção desta semente. Pois os polinizadores que frequentam um indivíduo muitas vezes nem conseguem chegar a outro para realizar o cruzamento de materiais.


 

UNINDO FRAGMENTOS FLORESTAIS



Polinizadoras das árvores mais altas, as abelhas sem ferrão também ajudam a conectar fragmentos florestais.



Pequenas abelhas sem ferrão podem ter papel estratégico na reconstituição de florestas tropicais e preservação da natureza. É o que indica um estudo de Mauro Ramalho, professor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA).




Ramalho concluiu que a concentração de abelhas sem ferrão na copa das árvores mais altas e antigas está ligada à procura de pólen e néctar. Elas são o principal grupo polinizador das árvores do estrato superior da floresta, sendo capazes de conectar por via aérea os limites dos fragmentos florestais remanecentes.



"O que ocorre entre os meliponíneos e as árvores do dossel da Mata Atlântica é uma relação de mutualismo não simbiótica, em que ambas as espécies se beneficiam, embora possam viver de maneira independente", explica o professor.



Ramalho conclui que, devido ao papel ecológico que desempenham, os meliponíneos podem ser úteis num projeto de preservação ambiental. "Parte significativa da Mata Atlântica já foi destruída para dar lugar a grandes centros urbanos", afirma. "As abelhas polinizadoras poderiam ajudar no reflorestamento conectando os fragmentos remanescentes da floresta tropical."

Traduzindo em miúdos, as abelhas sem ferrão são capazes de nos prestar um serviço GRATUITO de aumento das bordas dos fragmentos florestais, acelerando a retomada de áreas degradadas (por nós).
 



O bicho "homi" pensa que sabe de tudo e que a tudo compreende e domina, mas não é bem assim. As conexões entre as diversas criações do PAI estão muito além do que os "doutores do saber" podem imaginar.
Inventaram as tais das plantas transgênicas, que contém em sua intimidade resistências alteradas à exposição de agrotóxicos. Dizem que não fazem mal a saúde humana, mas não sei bem se isso é verdade ....  olhem um experimento matuto bem simples apresentado abaixo: Duas espigas de milho expostas em um cavalete. Uma geneticamente modificada (GM) e outra orgânica. Vejam a preferência dada pelos animais ....
Pode haver quem não acredite nesta foto, pois eu também achava besteira que pudesse haver quem tivesse a capacidade de detectar esta diferença. Mas quando na minha casa começamos a comprar alguns produtos orgânicos, minha esposa e filha disseram que as batatas orgânicas eram mais saborosas do que as vendidas em supermercados. Não acreditei .... Pois em um teste cego ... acabei reconhecendo mais sabor nas batatas orgânicas !!!! 

Os "doutores do saber" acham que porque ganharam canudo dominam toda a dinâmica que envolve o ciclo das sementes geneticamente modificadas. Atestam por A+B que em nada prejudica a Natureza. E os políticos dão sustentação ao livre comércio destas sementes em nome da quantidades de bocas existentes no mundo para se alimentar ! ! !

Um estudo recente mostra que quando humanos ingerem alimentos GM, os genes criados artificialmente se misturam e alteram as características das bactérias benéficas do intestino. (Heritage, 2004; Nettherwood et al, 2004). 
E no intestino das abelhas ?
Também constataram  que a transferência de genes entre vegetais GM e espécies nativas deu origem a espécies e sementes altamente resistentes mas de potencial ainda não conhecido. (Milius, 2003; Haygood et al 2003; Desplanque et al 2002; Spencer e Snow; Bruce H. Lipton)

E o potencial ainda não conhecido como fica ?
  
  Agora em nome da bio segurança os "doutores do saber" querem implementar as sementes com tecnologia de restrição genética de uso (GURT, sigla em inglês), também conhecidas como sementes TERMINATOR, é uma alteração genética que pode ser feita em vegetais para que sejam incapazes de produzir a segunda geração.
A tecnologia Terminator seria para restringir os efeitos das GM sobre a Natureza, como dizem seus defensores, ou para obrigar agricultores a renovar as compras de sementes da próxima safra ?
 

Quem tiver o privilégio do SABER TUDO que atire a primeira pedra!
Eu, pelo menos não o tenho, e isso me basta para justificar porque devemos respeitar a Natureza.

 Nosso assunto aqui é abelha sem ferrão, então vamos lá ... vamos pensar só um pouco ....

Se as abelhas fazem um trabalho de acelerar o aumento das bordas dos fragmentos florestais, será que estas mesmas bordas não podem ser sensibilizadas pela presença do pólen destas plantas terminator próximo as bordas delas ??  Até quanto as atuais plantações GM já podem estar afetando a saúde das nossas abelhas?
Se muita "gente grande" não conhece nem sobre a existência das abelhas sem ferrão .... existiria então algum estudo sobre o impacto da presença da tecnologia geneticamente modificada sobre as nossas abelhas nativas e as cadeias de sustentabilidade das quais elas fazem parte ?? 
São pelo menos 300 espécies de meliponas que só existem no Brasil .... Poderia ser apontado a existência de algum estudo das grandes empresas fornecedoras de sementes GM referente a sensibilidade de pelo menos uma das espécies endêmicas do Brasil à presença desses vegetais GM ?  
 

Quanto mais se observa a mãe Natureza mais se descobrem novas e intrincadas redes que formam o que chamamos de sustentabilidade. Foram observados na internet e expostos no texto acima apenas quatro casos de Sustentabilidade X Abelhas Nativas, que acredito possam até ter uma abrangência maior se forem mais apurados .... 
Mas será que são sabidas e dominadas todas as outras interações que compõem a rede de sustentabilidade da qual nossas abelhas nativas fazem parte ? Existem pelo menos 300 espécies de abelhas endêmicas .... eu expus apenas pequenos quatro casos sobre algumas espécies .... e as outras espécies? Em qual parte da rede elas se inserem ? 



Para quem chegou até aqui e está sem paciência de visitar o Blog que indiquei no início do texto, deve estar se perguntando sobre o meu comentário de como podem surgir buracos em árvores, .... uma imagem vale mais do que mil palavras ...

http://tudosobreplantas.files.wordpress.com/2013/10/fig-9-pica-pau-rei-foto-fm-flores.jpg

Os pica-paus fazem buracos em árvores, que servem não só para eles, mas depois de abandonados servem para abrigar muitas gerações de outros pássaros e de abelhas também .... mas e o "bicho homi" ! ? Esburacam a Natureza ... e tiram a esperança das gerações futuras .....

 
Todos os que defendem a ideia de que a TERRA é um organismo único, concordam que ao afetarmos o equilíbrio desse Super-Organismo, seja pela destruição das florestas, da camada de ozônio, seja pela alteração genética dos organismos vivos, podemos ameaçar a sua sobrevivência e consequentemente a nossa. Estudos recentes do conselho Britânico de Pesquisas do Meio Ambiente [Britain's Natural Envaironmente Research Council] confirmam essa possibilidade (Thomas et al 2004; Stevens et al 2004).

  Como diriam os frequentadores do ABENA: 
"Bons pensamentos !!"

Medina

Um comentário:

  1. Com gente de seu naipe na equipe é muito fácil fazer a fama.......... muito bom !
    Parabéns !

    Gesimar

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