Resolvi hoje fazer um protótipo de desumidificador conforme explicação dada pelo amigo abenauta Vianney na lista do ABENA em 08/03/2012, sob o título do assunto: "Caixa seca - desumificador".
Meu amigo Carlos Ivan havia me ajudado na construção de um modelo de desumidificador, e fez com muito capricho um protótipo a base de sílica gel, com uma ventoinha de computador.
O equipamento conseguiu reduzir o volume total de um copo de geléia cheio de água em 20 a 25%. Excelente resultado, mas havia um entrave técnico: a sílica gel tem a capacidade de adsorção de água de no máximo 30% do seu próprio peso, assim quanto maior a carga de mel dentro do desumidificador, maior quantidade de sílica gel será necessário.
Assim para que pudéssemos desumidificar 2 ou 3 litros de mel fragmentado em potes de 300ml, teríamos que ter dentro do desumidificador uma quantidade considerável de sílica gel, o que acaba onerando muito o projeto. Eu passei a procurar outro material em substituição a sílica gel.
Este projeto com sílica gel foi apresentado na reunião de novembro da AME-RIO, durante a visita do mestre Rogério de Cruz das Almas e o III concurso Nacional de méis de abelhas sem ferrão, que ocorreu no Meliponário Escola do PPP.
Neste meio tempo o amigo Vianney postou uma explicação do princípio de funcionamento de alguns modelos de desumidificadores industriais.

LEGENDA
Retangulo vermelho: Fonte de calor, com cooler.
Listras vermelhas.: ar quente e seco
Listras Azuis: ar frio e úmido saindo .
Barras cinza: Prateleiras.
Conforme Vianney esse princípio é utilizado em muitos desumificadores de ar de ambiente, e também usado para guardar instrumentos óticos em lugares de clima úmido. Ele revela que o desumifidificador mantém a umidade em torno de 40 a 60%, se a temperatura interna variar de 32 a 35 graus.
Bem .... resolvi desmontar o desumidificador de sílica gel e aproveitar o material para construir um protótipo aos moldes do exemplo de Vianney, para ver no que iria dar.
Se desse certo seria um projeto de fácil acesso ao pequeno produtor, pois só utilizei materiais baratos e de fácil obtenção. O custo mais significante seria a eletricidade.
Bem aproveitei somente a caixa de isopor utilizada inicialmente. E adaptei uma ventoinha. Consegui uma ventoinha usada de 110V utilizada em máquinas de Xerox, mas poderia ter utilizada uma ou duas daquelas de fonte de computador.
Depois de afixada a ventoinha de modo que o fluxo de ar soprasse para dentro da caixa, utilizei dois parafusos bem compridos para prender uma bandeja de aço (R$ 4,00) paralelamente à tampa da caixa e logo abaixo da ventoinha, mas de modo que ficasse uma saída em torno de toda a bandeja.
Fiz isso para que o ar insuflado pela tampa da caixa não atingisse diretamente a superfície do mel nos potes. Do modo como foi montado, o fluxo de ar é desviado para as laterais.
Depois construí, em madeira de caixotes, uma câmara de aquecimento, onde pode ser instalada uma lâmpada. Esta câmara vai fornecer o ar quente para a ventoinha insuflar dentro da caixa. Reparem que eu fiz uma chicana para a passagem do ar. O ar entra fácil, mas a luz não sai com muita facilidade.
Para melhorar a eficiência da câmara, forrei todo o interior com caixa de leite.
Todo o calor gerado pela lâmpada fica dentro da câmara. Também aproveitei o espaço da chicana para colocar um pedaço de lã plástica, que filtrará grosseiramente o ar a ser insuflado dentro da caixa.
Utilizei uma lâmpada incandescente dicroica, de 70W (equivale a uma de 100W, mas é mais econômica). Acho que este foi o maior luxo do projeto, esta lâmpada custou R$ 7,00.
A câmara foi afixada removivelmente sobre a tampa diretamente acima da ventoinha.
Detalhe: fiz um furo na base de cada parede para o ar ser expulso.
E aí está pronto o "Desumificador Dinâmico - DD versão 1.0":
Vamos agora aos teste iniciais:
Condições ambientais registradas no início do teste:
26°C temperatura ambiente.
58% de umidade relativa.
Condições registradas no interior do desumidificador depois de 30 minutos de funcionamento:
37°C temperatura interna da câmara
32% de umidade relativa
Agora o teste prático:
Coloquei 6 copos de 200ml cheios de água, e deixei 12 horas funcionando.
Resultado, vejam vocês mesmos :
Cheguei ao final do teste com 34°C de temperatura ambiente interna e 39% de umidade relativa. Pode-se verificar que todos os 6 copos de 200ml estão com menos quantidade de água em relação ao que foi colocado no início do teste.
Fazendo a medição verifiquei que a perda em cada copo foi aproximadamente 36 ml a 37 ml o que representa 18% de cada copo.
E a perda total nos 6 copos durante 12 horas de tratamento foi de aproximadamente 216 ml de água. Ou seja perdeu-se mais que um copo de água em 12 horas de tratamento.
Caso fosse utilizado o protótipo de sílica gel, seriam necessários 720g de sílica gel para adsorver o mesmo volume de água.
Abaixo a comparação do nível de três copos de água: Os dois da esquerda tratados dentro do desumidificador dinâmico, ao lado de outro à direita apresentando o volume inicial do copo.
Acho que a idéia do Vianney é viável e é perfeitamente possível a construção desumidificadores baratos e econômicos, em qualquer parte do Brasil.
Agora fico satisfeito, pois a cadeia produtiva da abelha sem ferrão mostra-se totalmente viável economicamente e ao alcance de qualquer meliponicultor.
Conforme o registro abaixo, fica provado que é possível extrair o mel sob total higiene dentro de capelas baratas de serem construídas conforme demonstrado no blog de criação de abelhas sem ferrão do Amazonas.
http://criacaodeabelhassemferrao.blogspot.com.br/

Utilizar bombas de vácuo odontológicas como as da imagem acima ou modelos mais simples, como a Tampinha Mágica do PPP, ou os extratores manual e elétrico que eu desenvolvi, já mostrados aqui na página da AME-RIO, todos 4 muito eficientes.
Sendo que estes 3 últimos modelos são capazes de coletar o mel diretamente dentro de potes de vidro comercializáveis.

Este mel aí em cima é um delicioso mel de Jandaíra do amigo Kalhil do Meliponário do Sertão
http://www.meliponariodosertao.blogspot.com.br/
E assim o ciclo está fechado: Higiene com o manuseio através da capela portátil. Eficiência na coleta com as diversas bombas coletoras possíveis de se fazer ou comprar. Desumidificação do produto no próprio pote onde foi coletado o mel, resultando um produto com qualidade e durabilidade para ser oferecido.
Agora o desumifidificador dinâmico vai ser colocado em teste real.
Com uma bela carga de mel de abelhas sem ferrão coletado por algum ou alguns de nossos associados.
Vamos ver no que vai dar. Apesar do mel ser mais denso do que a água, acredito que o resultado não diferirá tanto do teste com a água. Talvez necessite de um pouco mais de tempo de exposição dentro do desumificador dinâmico portátil.
Espero que tenham gostado do teste.
Agradeço ao Vianney pela luz que ele nos deu !!!
Medina