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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Interação de Iraís com formigas

Amigos da AME-RIO e Internautas.

Há algum tempo nossa diretora de Patrimônio, a Julia Galheigo, vem pedindo para que seja feita uma postagem, mostrando a interação estranha que acontece com as abelhas de uma colônia de Iraís (Nannotrigona testaceicornis), que está localizada no pátio da escola onde a Júlia trabalha, a Escola Técnica Estadual República, do Rio de Janeiro.


As abelhas fizeram seu ninho no chão da quadra de esportes que, naquela escola é cimentado, mas através de uma fresta no concreto elas devem ter chegado em algum oco abaixo do calçamento e aí conseguiram desenvolver uma colônia. Apesar de pisada a toda hora e de volta e meia ter seu pito arrancado ou fechado pelos alunos da escola, essa colonia já está alojada ali, há mais de dois anos.

A Julia nos disse que as iraís são bastante intrigantes e que a cada dia fico mais surpresa ao observá-las, principalmente pela simbiose que elas mantém com as formigas. As duas espécies parecem conviver plenamente, principalmente no inverno, estação em que as abelhinhas alimentam as formiguinhas. "Não sei dizer se o pólen que elas fornecem para as formiguinhas já está processado... enfim, só sei que elas trazem as bolinhas de pólen de dentro da colônia e entregam no lado de fora para as formiguinhas e estas carregam as bolinhas de pólen oferecidas pelas formiguinhas, em contrapartida, nenhum outro inseto ou seja lá o que for, chega perto das abelhinhas, porque estas formiguinhas fazem carreiro por perto e sempre estão protegendo as abelhinhas. É super interessante ver isso ao vivo.Com isso as crianças lá da escola aprenderam o que é simbiose e olhe que eles só tem de seis a oito anos. E elas estão aprendendo a não mexer nas fomiguinhas, porque são amigas, principalmente agora no inveno. Isso é uma lição de vida".



Espero que vocês tenham gostado do vídeo que a Julia gravou. Ela nos disse também que tem algumas bolinhas desse pólen e que gostaria de levá-las à laboratório para ver o que são na realidade (se são só pólen ou se tem algum fungo ou outra substância agregada); se alguém se dispuser a fazer isso, ela pode enviar via correio.

Ela também nos contou que ganhou uma isca em garrafa PET e levou para a escola, pois um outro enxame de Iraís estava já uns três dias no mesmo local, em um muro da escola. Ela levou a isca preparadinha para elas e fez um pito, de cera delas mesmo. Moral da história, no dia seguinte, as formigas foram lá para dentro e fizeram aquela crosta com as Iraís. A Júlia disse que pelo que ela viu, as abelhas trazem a resina a e as formigas fazem o revestimento. Enquanto elas estavam no muro ela não estava entendendo bem e só depois da PET é que chegou a essa conclusão. Porque no muro as formigas ainda tinham que abrir um buraco para as abelhas morarem, as formigas é quem tiram a terra, aí entra o trabalho conjunto das formigas com as abelhas, preparam o batume que vai separar os ninhos de ambas. Depois as abelhas sustem o formigueiro, conforme o filme que ela fez do chão da quadra com elas.

Estamos aguardando alguém que possa ajudar a Júlia a levar o pólen que as Iraís oferecem para as formiguinhas, a um laboratório. E também que possa explicar melhor a interação entre as Iraís e as formigas.

UGA
Redator AME-RIO

4 comentários:

  1. Muito interessante essa experiência da Julia! O que chama a atenção é o local onde as iraís resolveram nidificar - no chão de uma quadra de esportes de escola pública! Imagino a luta diária das pequeninas com o pisoteio, meninada arrancando o cerume. Tai Julia, um bom motivo para que a meninada conscientizem sobre preservação de abelhas indigenas. Penso que se os professores das diversas disciplinas falarem sobre isso será ótimo. Grande abraço!

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  2. José Luiz,
    Nos da AME-RIO através de um projeto com a Escola, vamos capacitar os professores de técnicas agrícolas para a meliponicultura(que será incluída no curriculum escolar, através da associação de pais). Assim, ganha a escola,os professores,alunos,funcionários e quem mais tiver interesse. Lá é um campo fantástico para ser estudado não só em iraís(que são as mais intrigantes por causa da simbiose com esse tipo de formigas), como em jataís, tubunas e outras trigonas.
    Júlia

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  3. Julia,
    não sei sobre a atual grade curricular das escolas públicas estaduais de Mato Grosso, se teria disciplina relacionada a técnicas agrícolas, mas penso que em Biologia, professores poderiam tranquilamente abordar o assunto Meliponicultura, desde que sejam devidamente capacitados. Uma idéia para ser pensada e colocada em prática aqui. Em 2012 pretendo divulgar Meliponicultura nas escolas locais com palestra rica em recursos audiovisuais. O importante é lançarmos as sementes, popularizando algo antigo mas ainda pouco conhecido do público brasileiro.
    Abraços.

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  4. Amigo Zé,
    Lá na escola(E.E.E.F.República),pertencente à Faetc(que integram mais cursos técnicos),no currículum de biologia e ciencias, os professores já comentam (abelhas e vespas)e o que elas proporcionam para a flora. Quando chegam ao 5º ano em diante, eles tem aulas de técnicas agrícolas(aí foi que nós da AME-RIO -idéia do saudoso Pompílio) tivemos a iniciativa de procurarmos a diretoria da escola para proporcionarmos este intercâmbio. Mas ocorre que ainda está em projeto e isso só vemos possibilidade de inclusão da matéria, através da associação de pais que é bem forte na escola. Legal não achas?! No 5ºSeminário de Meliponicultura(no PR), eles adoraram a idéia(pq lá tem um agrônomo(professor), que está conseguindo colocar a meliponicultura como cadeira na Faculdade e quando eu conversei com ele sobre isso, ele disse que era a melhor idéia que já poderiam ter tido.
    E assim, vamos a cada dia contribuindo com uma pedrinha a mais na preservação à mãe natureza e nossas abelhinhas agradecendo com seus progressos.
    Boas Festas, e sucesso com suas jataís.
    Júlia

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