Na quinta feira passada, em companhia do Carlos Ivan, diretor secretário da AME-RIO fomos conhecer o Parque Estadual da Pedra Branca, convite já feito há bastante tempo pelo Christiano Figueira, que é o meliponicultor responsável pela preservação de abelhas nativas nesse parque.
Esse parque é considerado a maior reserva florestal em área urbana no mundo, sua área é de 12.500 hectares e dentro dele se encontra o Pico da Pedra Branca, com 1.024 metros de altitude esse é o ponto culminante da cidade do Rio de Janeiro.
A entrada principal do parque fica na Estrada do Pau da Fome, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro. A melhor maneira de chegar até lá é a seguinte: Pelo Largo da Taquara em Jacarepaguá, entrar na Estrada do Rio Grande e seguir até o Largo da Capela, onde termina a Rio Grande. Entrar na Estrada do Pau da Fome e seguir em frente uns dez minutos, até a entrada da sede. Estrada do Pau da Fome, número 4003.
Logo na entrada existe um bela construção, perto fica o prédio da administração e depois muito mato, ou muita mata.
Canaletas conduzindo água, dentro do parque.
Por todo o parque.
Riachos pedregosos.
Com água super limpa.
Bela cachoeiras.
E trilhas com muita sombra.
O parque é um lugar especial e parece ser um ótimo lugar para se encontrar e criar abelhas nativas.
Logo que chegamos o Christiano nos levou até a área onde existia um orquidário, ele pretende recuperar essa área e além das orquídeas e bromélias, quer montar um meliponário, junto as plantas.
Junto a esses prédios o Christiano instalou uma caixa decorada, com um ninho de Iraí (Nannotrigona testaceicornis).
E outra com um ninho de Jataí (Tetragonisca angustula angustula).
Um dos objetivos do Christiano é instalar outras caixas, com exemplos de outras abelhas de ocorrência na região, mandaçaias, guaraipos, mirins, tubunas, mandaguaris, uruçus e outras abelhas, ele inclusive já localizou ninhos de guaraipos, mirins e mandaguairis dentro do parque, mas ele não pretende retirá-los. Seu objetivo é levar mais abelhas para o parque e não retirar nada da natureza. Ele até pretende capturar algumas abelhas com ninhos iscas, no parque e nos seus arredores, já tendo instalado algumas caixas para isso, mas mesmo essas serão utilizadas para multiplicação de enxames dentro da área do parque, para repovoamento e não serão matéria de comercialização.
Já as abelhas acima devem ser retiradas, são abelhas africanizadas (Apis melífera) e estão instalada em um galho, a mais de 15 metros de altura, infelizmente não consegui uma boa focagem, com minha câmera, além de a luz não ajudar.
Nosso amigo Carlos Ivan tratou a imagem, mas mesmo assim não ficou muito boa, mas já da para ver os favos de abelhas apis pendurados no galho, sem nenhuma proteção, esse tipo de ocorrência não é muito normal, mas acontece de vez em quando. Provavelmente as campeiras demoraram para encontrar um abrigo melhor e as abelhas carregadas de mel, começaram a produzir cera e construíram os favos no próprio galho onde o enxame deveria estar estacionado, a espera de localização de um abrigo. Acho que algum apicultor pode explicar melhor esse acontecimento ou talvez o João Pedro Cappas possa fazê-lo.
A direção do Parque da Pedra Branca pretende fazer a retirada de todos os enxames de abelhas exóticas que localizarem, da mesma forma que está erradicando as jaqueiras e outras árvores exóticas. Por ser área de preservação da flora e fauna nativas, o parque não pretende manter qualquer espécie que não seja de ocorrência natural na área.
Voltando ao assunto de localizar enxames, em muros e árvores no lado externo do parque, o Christiano já localizou diversos enxames.
Acima uma colônia de mirins, não sei qual seria a espécie, acredito que possa ser uma plebeia, pela forma da entrada, mas não sei qual.
Outra mirim, no mesmo muro.
Aqui uma colônia de Iraís, com o canudo curto.
O Christiano me mostrou outra colônia de Iraís, com o canudo um pouquinho maior.
Nesse muro coberto pela trepadeira unha de gato (Ficus pumila), o Christiano apontou uma outra colônia de abelhas.
Mesmo me aproximando, estava difícil de ver a colônia.
Mas chegando bem perto dá para ver a entrada de jataí, com uma grande quantidade de abelhas, deve ser uma colônia bastante forte.
Aproximando, descobri que não era um, mas eram dois ninhos de iraís, agora de canudos longos.
Uma descoberta bem interessante foi a que o Christiano fez enquanto estávamos lá no parque. A parede acima é do prédio de administração, que acabou de ser pintado. A cor da parede não é branca, é amarela, mas o reflexo da luz mudou a cor na foto. Aproximando-se dá para ver um minúsculo furo, de cerca de 1,5 ou 2 mm e vimos insetos entrando nele, a princípio pensei que fosse uma vespinha solitária, mas depois deu para ver que eram abelhas bastante pequenas.
Deve ser um tipo de mirim, a entrada provavelmente foi destruída com a pintura, mas as abelhas conseguiram reabrir a entrada. Eu cheguei a ver abelhas entrando, até carregando pólen, mas não consegui fotografar. Vamos ver se no dia 24 de setembro alguém identifica essa abelha e as mirins mostradas anteriormente.
Ah, eu esqueci de contar que a direção do Parque Estadual da Pedra Branca, a pedido do Christiano, disponibilizou a área do parque para que a AME-RIO fizesse a sua reunião mensal do mês de setembro. A reunião será no dia 24 de setembro, mesmo final de semana do Apimondia, tínhamos pensado em não realizar reunião em setembro devido ao Congresso Mundial, mas em respeito àqueles associados, que por seus próprios motivos não vão participar desse evento, resolvemos realizá-la de qualquer maneira. Quem não puder ir a Argentina vai ter uma reunião para falar de abelhas aqui no Rio de Janeiro e para conhecer o que o Parque está fazendo pela preservação das abelhas e do restante da fauna e da flora da região.
Eu e o Ivan aproveitamos e convidamos o diretor do Parque, Alexandre Marau Pedroso, a vice-diretora Vanessa e os biólogos Heloína e Leonardo para participar de nossa reunião do dia 27 de agosto, que vai ser no sítio do Antônio Abreu.
O Cristhiano também nos mostrou a Boca de Sapo (Partamona heleri), que ele transferiu para o Parque há alguns dias.
Enquanto o Christiano estava me mostrando o parque e suas abelhas, vieram chamá-lo para atender o pedido de uma escola próxima, para retirar um gambá que estava preso em uma lata de lixo da escola.
Eu resolvi acompanhar o Christiano e o funcionário do parque que foram atender o pedido.
Foi fácil descobrir o que tinha acontecido, o pessoal da escola deixou as lixeiras abertas.
Encostadas no muro que dá para uma mata cerrada.
Dois gambás vieram futucar no lixo e acabaram caindo dentro da lata e estavam lá muito mais assustados do que a funcionária que os viu e ligou para o parque. Também ficou fácil resolver o caso, foi só virar a lata do outro lado do muro e deixar os gambazinhos irem embora, recolher o lixo que foi junto e mais uma vez recomendar aos funcionários da escola, que mantivessem as latas de lixo tapadas.
Na volta eu aproveitei e ofereci para o Christiano uma dúzia de iscas feitas de garrafa PET. Ele gostou tanto que resolveu distribuí-las na mata, naquele dia mesmo.
Agora é só torcer para que até o dia de nossa reunião alguma isca já tenha atraido alguma abelha.
Parabéns a diretoria e a equipe de biólogos do Parque da Pedra Branca pela iniciativa de preservar e tornar conhecidas as abelhas nativas da região e parabéns ao Christiano por tê-los incentivado e assessorado nessa iniciativa, com a sua participação já ocorreram diversas palestras e apresentações sobre as abelhas, não só no parque, mas também no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista.
Acho que o Christiano vai ter muito o que nos contar no dia 27 de agosto e também no dia 24 de setembro.
UGA
José Halley Winckler
Olá amigo Winckler e amigos da AME-Rio,
ResponderExcluirque bela postagem.Realmente essa área é muito linda e deve ser preservada.Parabéns para oa migo Christiano pelo belo e importante trabalho que ele desenvolve na preservação das mata,s e das abelhas nativas.
Belo exemplo,de preservação e sustentabilidade.
Abraço.
paulo Romero.
Meliponário Braz.
Amigo Paulo,
ResponderExcluirAssim como você, que é completamente apaixonado por sua região e faz tudo pela preservação do seu Cariri. O Christiano é apaixonado pela natureza do Rio de Janeiro e luta pela sua preservação.
Nós da AME-RIO temos o dever de incentivar e apoiar no que puder.
Um abraço,
José Halley Winckler
Rio de Janeiro
www.ame-rio.org
Quero parabenizar o Winckler pela bela postagem e dizer que estou muito feliz de ver a meliponicultura crescendo em nosso Estado.Uma coisa interessante que até os gambás foram preservados e salvos daquela lixeira, isto mostra que a meliponicultura não só preserva as nossas abelhas nativas mais pode contribuir para preservação de toda a biodiversidade.
ResponderExcluirUm grande abraço!
Christiano Figueira
Rio de Janeiro
Abelhas do Brasil