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sexta-feira, 29 de julho de 2011

ALIMENTADOR PARA COLMEIAS DE ABELHAS INDÍGENAS SEM FERRÃO

(Este artigo foi publicado na edição de maio/2000 da revista “Mensagem Doce”. As pequenas modificações atuais do texto visam incluir a contribuição do prezado amigo Paulo Menezes, de Mossoró (RGN), que adotou esse alimentador em suas centenas de colônias de Jandaíras, com ótimos resultados, conforme relato pessoal e postagens em seu blog (http://www.melmenezes.com.br/blog/2010/12/alimentador-para-abelhas-sem-ferrao/). Ao Paulo, meu agradecimento por desenvolver o alimentador.)

A alimentação artificial é muitas vezes indispensável para a manutenção de colônias de abelhas criadas 
pelo Homem; isto já é conhecido desde a Antigüidade. Com referência aos meliponíneos não poderia ser 
diferente e a prática o confirma, especialmente nas épocas mais frias do ano e quando há escassez de 
néctar. Para este fim são usados xaropes de diversas composições, mas que, basicamente, consistem de 
uma solução de açúcar em água.

Existem duas maneiras de oferecer este xarope às abelhas:
1 – Colocando-o fora da colméia
2 – Mantendo-o dentro da colméia




Ambos os métodos apresentam vantagens e desvantagens. A alimentação externa, fora da colméia, 
tem a vantagem de ser administrada a qualquer momento, sem necessidade de abrir a caixa de criação e 
expor, assim, a colônia ao esfriamento, ao estresse e aos inimigos naturais. Todavia, quando se deixa uma  
solução açucarada ao ar livre atrai-se não apenas as abelhas de nossas colméias mas, também, as Apis 
mellifera e outros insetos que vivam por perto, possibilitando lutas, ferroadas e saques. Por estes motivos, um 
alimentador artificial que unisse a capacidade de ser oferecido às nossas colônias sem obrigatoriedade de 
abrir suas caixas e, ao mesmo tempo, permanecesse exposto apenas no interior das colméias seria, 
acredito, interessante à meliponicultura e este é o assunto do presente trabalho.





A idéia desse alimentador baseia-se na colocação de um tubo de PVC rígido, desses habitualmente 
usados em construção civil para distribuição de água potável, atravessado entre duas paredes de uma 
colméia racional e aí fixado com adesivo à base de silicone. Neste cano (tubo fixo) é cortada uma “janela” 
retangular para que as abelhas tenham acesso a um outro tubo (tubo móvel) cujo diâmetro permita embuti-lo 
no primeiro, mas sem folgas. No cano interno faz-se, ao centro, uma concavidade que quase alcance o 
lado oposto, e perfura-se o seu fundo, tornando-a uma espécie de funil. Quando abastecemos o tubo móvel 
com xarope a concavidade também se encherá com a solução açucarada, permitindo a alimentação das 
abelhas. Em uma das extremidades do cano móvel são escavadas roscas para que possa ser vedada por 
tampão, também em PVC, enquanto a outra extremidade é fechada por rolha de cortiça.

A seguir será orientada, passo a passo, a construção do alimentador, cujas medidas estão ajustadas às 
colméias tamanho médio, modelo Paulo Nogueira-Neto, descritas na edição 1997 do seu livro “Vida e 
Criação de Abelhas Indígenas Sem Ferrão” (Editora Nogueirapis). É possível modificar tais medidas, 
adaptando-as a diferentes modelos de colméias.



TUBO FIXO

Separa-se um pedaço de 200 mm de cano de PVC rígido com 21 mm de diâmetro interno. Marca-se o 
centro do tubo e corta-se uma “janela” de 40 mm de extensão, passando por este centro, aprofundando-a 
até o meio do tubo (figura 1). O uso de uma serra de corte cilíndrica (serra cilíndrica de tungstênio) montada 
no arco facilita bastante este trabalho pois, com ela, pode-se recortar o plástico em qualquer sentido. Depois, 
por meio de uma lixa grossa, retira-se o polimento deste pedaço de cano, deixando-o bem áspero para 
melhor aderência da cola às suas extremidades, ao embuti-lo nas paredes da colméia, e também para 
facilitar a locomoção das abelhas sobre ele. 



Para embutir os tubos fixos nas colméias PNN tamanho médio deve-se fazer dois orifícios, com broca 
chata de uma polegada, diametralmente opostos nas paredes maiores das gavetas superiores, iniciando-os 
em um ponto situado a 40 mm da aresta lateral mais próxima e a 30 mm da aresta superior. Desta maneira, 
o tubo fixo ficará bem próximo ao piso e ao lado menor da gaveta (figura 2).

TUBO MÓVEL

Corta-se um pedaço de 233 mm de extensão de um tubo com 21 mm de diâmetro externo (os 
eletrodutos  de PVC rígido são adequados), lixa-se até deixá-lo bem áspero e escavam-se roscas em uma das extremidades. Faz-se pequena marca no centro do mesmo e aquece-se o local à chama de isqueiro a 
gás ou lamparina a álcool com cuidado para não amolecer demais o plástico nem deixar perfuração alguma. 
Pouco a pouco, à medida que o PVC for amolecendo, força-se a região central do cano com algum objeto 
fino mas de ponta romba - um estilete de metal com a extremidade arredondada é útil. Desta maneira, o 
plástico vai sendo deformado, criando uma concavidade para dentro do tubo, até quase encostá-la na 
superfície interna do lado oposto. A seguir, já com o material frio e enrijecido, perfura-se o fundo da 
concavidade com uma broca para madeira com 2 mm de diâmetro, comunicando-a com o interior do 
tubo e possibilitando, desta maneira, a passagem do xarope quando for aí colocado mas, não, das abelhas. 
Faz-se também dois ou mais orifícios, com 2 mm de diâmetro, nas bordas da mesma concavidade, para permitir a 
entrada de ar no tubo. Para terminar, atarraxa-se completamente um tampão,   também de PVC, em uma das extremidadades, (figura 3).









A seguir, introduz-se pequena rolha de cortiça na outra extremidade do tubo móvel, o que possibilita abastecê-lo com xarope por meio de uma seringa, cuja agulha penetra por um dos furos de entrada de ar. Depois de abastecido, desliza-se todo o tubo móvel pelo interior do tubo fixo, com a concavidade para cima.



Após um a dois dias da colocação do xarope no alimentador, tira-se o tubo móvel que lá estava para 
impedir a fermentação do açúcar que possa restar. Isto é feito com facilidade, pois basta introduzir outro tubo móvel  devidamente montado, mas sem xarope dentro, pelo lado arrolhado daquele que está na colméia, o que empurrará o anterior para fora 
e assumirá o lugar dele, sem permitir a saída de abelhas ou a entrada de forídeos. Quando se desejar alimentar a colônia, um tubo móvel abastecido com xarope empurrará para fora o outro, vazio.







Alimentador montado em caixa PNN





Luiz Augusto Bonacossa Caldas (caldaslab@hotmail.com)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

O Professor ganhou mais um aluno.

Amigos da AME-RIO,


Em meados do mês passado recebi um e-mail que pedia informações sobre os próximos eventos de nossa associação. Respondi e convidei a pessoa a participar de nossa reunião mensal.


Este mês recebi um novo e-mail, em que a pessoa dizia não ter podido participar da reunião anterior e queria saber quando seria a próxima. Respondi que seria no dia 30 de julho, desta vez na Penha, aqui no Rio de Janeiro (Reunião da AME-RIO de Julho será no dia 30).


Voltei a receber um e-mail da mesma pessoa, dizendo que infelizmente não teria como participar da reunião do dia 30, mas gostaria de fazer uma visita ao Meliponário Escola e conversar com algum meliponicultores. Inclusive sugeriu a data de sexta-feira, dia 22 passado, para fazer a visita. Respondi que precisava consultar o Pedro Paulo Peixoto, que é o dono do Meliponário Escola. Atualmente o Pedro Paulo é o Presidente do Conselho Fiscal de nossa associação, mas o que ele mais faz e o que gosta mesmo é dividir seus conhecimentos, principalmente com novos meliponicultores.  


Então eu já previa a resposta, quando lhe repassei a mensagem recebida. O Pedro Paulo, prontamente acedeu ao pedido e confirmou que poderia receber a visita na data escolhida.


Quem estava querendo nos conhecer era o Paulo Sérgio Oliveira Silva, que está completando seu Bacharelado em Biologia na Universidade Federal Fluminense e pretende fazer sua monografia final com base nas Abelhas Sem Ferrão, para isso ele quer conhecer um pouco mais sobre o "mundo da meliponicultura" e sobre os anseios dos meliponicultores. 


O Paulo Sérgio já tem o diploma de licenciatura, faltando apenas a monografia para sua diplomação como Bacharel em Biologia e ele disse acreditar que um dedinho de prosa com meliponicultores da AME-RIO seria bastante interessante para consolidar algumas idéias que ele tinha para seu projeto.


Eu resolvi acompanhar o Paulo Sérgio na sua visita ao Pedro Paulo e ao Meliponário Escola.


Na sexta feira, quando eu cheguei, o Pedro Paulo já tinha conversado bastante com o Paulo Sérgio e já os encontrei futucando nas caixas de abelhas sem ferrão do Meliponário.


Aqui vemos o Pedro Paulo abrindo uma caixa de Uruçu Amarela (Melipna rufiventris)

E o Paulo Sérgio acompanhando com muita atenção.

Ninho das uruçus amarelas, visto de cima.

Visão lateral do ninho.


O Pedro Paulo aproveitou para mostrar ao nosso visitante as características dessa caixa e a facilidade de acesso ao ninho que ela oferece. Essa é a caixa mais comumente utilizada no Meliponário Escola e me parece a melhor para quem se propoe a apresentar com detalhes como são os ninhos de nossas abelhas, sua estrutura e os seus diversos elementos. 


Nessa caixa conseguimos expor totalmente o ninho.

Aqui vemos o Pedro Paulo, abrindo o invólucro, de forma a expor os discos de cria.

Ninho aberto.
O cerume do invólucro precisa ser preservado para facilitar o posterior fechamento do mesmo.

Discos de inverno, bastante interessantes.

Esta foto foi feita pelo Paulo Sérgio e o  Pedro Paulo comentou:

"O nosso visitante vistoriou este enxame jovem, com 9 discos, de uruçú amarela:

Vejam, 9 discos, sendo apenas 3 discos de cria jovem e postura (os escuros numeros 1,2 e 3). Os demais 6 discos são de cria nascente, pequenos e ocupando todo território disponível. Isso mostra que a rainha andou depressa, colocando ovos em vários discos. 
Naturalmente prevendo o nascimennto de uma legião de campeiras logo no inicio da  primavera. Como o Paulo fez esta foto e me enviou, achei bastante oportuno oferecer estes comentários....Pois raramente trabalha-se com cx vertical"

Depois disso o Pedro Paulo resolveu apresentar as mandaçaias (Melipona quadrifasciata anthidioides) ao Paulo Sérgio.


Caixa de mandaçaias, modelo "inteligente", construída em cimento e vermiculita, inclusive o telhado.

Caixa já aberta, o Pedro Paulo está abrindo o invólucro para o Paulo Sérgio vistoriar.

Invólucro aberto com todo o cuidado. Discos de cria expostos.

Paulo Sérgio examinando, com muita atenção, o ninho das mandaçaias.

E passando os dados recolhidos para a ficha de manejo.

Outro ninho com 9 discos, para mandaçaia mostra um enxame bem forte.

Olhando essa foto, pode parecer que esse ninho tem só 8 discos, mas o Paulo Sérgio nos disse que, examinando com atenção, conseguiu visualizar um pequeno disco, também de cria jovem, abaixo dos dois discos de postura e cria jovens que estão bem visíveis nessa imagem (discos 2 e 3). 

O Paulo Sérgio conseguiu fechar o invólucro com todo o cuidado.
Agora as abelhas se encarregam do resto.

Depois de ter apresentado as Meliponas ao Paulo Sérgio, o Pedro Paulo o convidou para vistoriar a colônia de Jataís, que foi capturada em um enorme vaso de cimento e que o Medina transferiu para uma caixa racional na Reunião da AME-RIO de 25/06/2011, há menos de um mês. Vocês devem ter visto a matéria em nosso site.



Abrindo a caixa de mandaçaias.

O Paulo Sergio fotografou o ninho das Jataís;

Podemos ver que o trabalho de transferência ficou perfeito.

Até parece que o ninho está na caixa há muito mais tempo.

A melgueira estava bem cheia.
Até deu para roubarmos um pouquinho do mel para degustação.

E vocês devem lembrar que a maior parte do mel dessa jataí, o Pedro Paulo guardou para colocar no próximo concurso de méis.

Enfim, foi uma manhã bastante produtiva, acho que o Paulo Sérgio gostou bastante do que viu e ouviu. E prometeu voltar para detalhar melhor o seu projeto. Já o Pedro Paulo estava feliz que nem pinto no lixo, pois estava fazendo exatamente o que mais gosta, dividindo seus conhecimentos. O professor ganhou mais um aluno e o aluno ganhou um professor.

Vamos ver o que o Pedro Paulo disse, quando relatou no fórum do grupo Abena a visita que recebeu:

"O jovem abenauta e Biologo, Paulo Sérgio Oliveira, pretende fazer um trabalho de pesquisa com a finalidade de ingressar na meliponicultura, já contribuindo com algo mais. Hoje ele já possui jatais e disse desejar continuar com os manejos  de meliponíneos. 
Com bastante naturalidade, neste primeiro contato, assimilou as técnicas iniciais de multiplicação de meliponas. Aprendeu a identificar os discos de cria por antiguidade de postura e conseguiu fazer corretamente duas vistorias exploratórias, uma em colônia de uruçú amarela e outra num enxame de mandaçaia.
Gostaria até que o Paulo oferecesse ao nosso grupo, que tem muitos iniciantes, as fotos que bateu e a ficha que preencheu e que demonstra a facilidade que é adentrar aos conhecimentos que levam ao sucesso das multiplicações.
Sua visita foi acompanhada por nosso amigo e também abenauta o José Winckler. Logicamente, nesse dia também degustamos os méis dos enxames que iamos vistoriando.
Foi um prazer receber o Biológo Paulo Sérgio Oliveira.

Pedro Paulo Peixoto
Meliponario-Escola"



Pedro Paulo, Paulo Sérgio e José Winckler.

Eu confirmo, "foi um prazer receber o Biólogo Paulo Sérgio Oliveira Silva", para mim, com certeza, foi um prazer participar dessa recepção, ganhei mais um amigo, hoje ele era aluno, mas amanhã também vai ser professor e tenho certeza que irá partilhar seu conhecimentos com todos os meliponicultores.

Além disso, novamente tive oportunidade de partilhar bons momentos com o Pedro Paulo. 
Com certeza, nesse dia aprendi mais um pouco, principalmente a respeitar ainda mais o nosso anfitrião, que divide seus conhecimentos para multiplicar amigos.  

Parabéns Pedro Paulo.

Uga,

José Halley Winckler

Reunião da AME-RIO de Julho será no dia 30.

Amigos da AME-RIO,

Nossa reunião mensal este mês será na Escola Wencesláo Bello, na Penha:



JULHO
DIA 30, sábado



  • Acompanhamento das atividades da diretoria
  • Aniversariantes do Mês e datas comemorativas
  • Discussão sobre os rumos da meliponicultura e técnicas de manejo
  • Garrafas iscas
  • Legislação e normas para meliponicultura
  • Assuntos Gerais


Local: Escola Wencesláo Bello
Av. Brasil, 9727 - Penha - Rio de Janeiro - RJ
Horário: 09:00 horas  

Reunião na Wencesláo Bello,  no ano passado.