Eu obtive a autorização do Prof. Adalberto para reproduzir, em nosso site, o seu artigo sobre a divisão tecnificada de Melipona beechei, a abelha maia, publicado em 2009 na revista Apitec 71 Edicion Especial - Abejas Sin Aguijón. Atualmente a criação dessa e de outras abelhas nativas está em declínio no México e o Prof. Adalberto realiza estudos e trabalhos procurando meios de aumentar a sua população.
Este trabalho foi apresentado pelo Prof. Adalberto no V Congreso Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijon, que ocorreu em outubro de 2008 na cidade de Merida, Yucatán, e foi organizado pela Universidad Autónoma de Yucatán.
Eu me atrevi a traduzir o artigo do Prof. Adalberto, mas caso alguém descubra erros em minha tradução, por favor envie um comentário, sobre isso, obrigado.
Este trabalho foi apresentado pelo Prof. Adalberto no V Congreso Mesoamericano sobre Abejas sin Aguijon, que ocorreu em outubro de 2008 na cidade de Merida, Yucatán, e foi organizado pela Universidad Autónoma de Yucatán.
Eu me atrevi a traduzir o artigo do Prof. Adalberto, mas caso alguém descubra erros em minha tradução, por favor envie um comentário, sobre isso, obrigado.
Uga
José Halley Winckler
DIVISÃO TECNIFICADA DE COLÔNIAS DE "KO'OLEL KAAB" (MELIPONA beecheii) NO ORIENTE DE YUCATÁN
Aguilar y Coronado, Adalberto. Meliponário "Noj Yuum Kaab”. Calle 35 No. 208 x 46 e 48. Valladolid, Yucatán, México. C.P. 97780 Tel (01 985) 85 626 72. E-mail: adalberto119@hotmail.com
A divisão de colônias de abelhas Melíponas, atualmente é de suma importância devido a escassez deste recurso natural, praticamente não mais existente em estado selvagem, ele só é encontrado em Meliponários tradicionais, em pouquíssimas comunidades e com um número de colônias cada vez mais reduzido pelo abandono de seu cultivo pelas novas gerações que não o vêem como uma alternativa econômica para melhorar a sua qualidade de vida.
ESTRUTURA DE UM NINHO DE MELIPONA beecheii
É necessário nos familiarizar com as partes que formam a estrutura de um ninho de abelhas Meliponas, pois isso irá nos permitir entender a evolução o desenvolvimento da nova colônia, a saber: a entrada, o túnel de acesso, o invólucro, os tipos de discos de cria, os pilares e a sustentação, a lixeira, etc.
A IMPORTÂNCIA DE CONHECER OS INDIVÍDUOS DA COLÔNIA
Conhecer os indivíduos que formam a colônia é importante porque nos permitirá avaliar o progresso do trabalho realizado, principalmente, em referência a rainhas virgens, por exemplo, quantos vagam pela colônia, o número de eliminadas, se as abelhas operárias continuam a eliminá-las, a presença de machos na colônia, a mudança na anatomia de uma rainha virgem, o trabalho das operárias na construção de estruturas tais como potes para armazenar mel ou pólen, invólucro, discos de cria, o tubo de entrada, o forrageamento de néctar polinífero, quantidade de abelhas mortas, etc.
PROCESSO DA DIVISÃO
Para iniciar o processo de divisão de colônias e para esse ter sucesso, as condições necessárias são as seguintes: a existência de néctar e pólen no campo; ter colônias matrizes muito populosas e discos de cria com casulos eclodindo.
A técnica que mais utilizo é a da reunião, pois é a que nos permite manter as colônias doadoras em bom estado, para que, no mais tardar em um mês já possamos contar com novos discos de cria que serão usados para fazer outras
divisões ou reforçar aquelas já feitas.
divisões ou reforçar aquelas já feitas.
Aqui em Valladolid, a melhor época para a divisão engloba os meses de março e abril, na sua totalidade e o início de maio, que é quando a produção de néctar é mais expressiva, segundo a minha experiência. As divisões feitas após esse período, não tem o mesmo desenvolvimento, mesmo que lhes ofereçamos, de acordo com as necessidades, a alimentação artificial e os cuidados adequados, etc. Ainda assim seu desenvolvimento é mais lento. Se falarmos dos meses de junho e julho, que é quando as chuvas começam. A escassez de néctar e pólen, juntamente com presença das mosquinhas parasitas “xnenel" (Pseudoyphocera, ou forídeos em linguagem popular), tornam praticamente impossível realizar este manejo.
Mosquinhas parasitas xnelnel - Forídeos
Procuro sempre utilizar discos de crias com casulos em eclosão e com uma população de abelhas jovens por cima. Descobri que sem elas, embora a população de abelhas adultas doadas por outra colônia seja muito forte, o resultado no desenvolvimento da nova colônia não é igual ao de outras que receberam um número considerável de abelhas jovens.
Eu sempre tento fazer divisões fortes pois é a melhor forma de aproveitar o trabalho e a experiência das abelhas operárias adultas, doadas para a construção das estruturas do ninho, além disso, elas servem como uma espécie de "mestras" para as abelhas jovens e também para realizar as diversas atividades da colônia como a higiene da mesma, defesa, busca de alimentos, etc.,
O processo é: colocar os discos de crias sobre bolinhas de cerúmen, colocar os potes de mel, como alimento artificial, oferecer cerúmen para a construção de estruturas, colocar o recipiente com vinagre, cobrir a colméia e selá-la exteriormente com plastilina, registrar a data da divisão, colocar a colméia no lugar de uma outra colônia muito forte, que será a doadora das operárias forrageadoras, e afastar essa última para um local não muito próximo. É extremamente gratificante ver, em poucos dias da conclusão dessa operação, uma abelha guardiã na entrada da nova colônia, sinal de que a divisão feita está no caminho correto.
Na maioria das divisões sempre coloco um disco de cria de menos de 30 dias de idade, para servir como futuro reforço à que colônia se desenvolve. Esse expediente ajuda muito o posterior desenvolvimento da divisão, porque quando as operárias começarem a diminuir, o nascimento “atrasado” das abelhas desse disco ajudará, enquanto as abelhas jovens crescem.
MANEJO POSTERIOR AO PROCESSO DE DIVISÃO
Depois de realizar a divisão, nas primeiras quarenta e oito ou setenta e duas horas, reviso o desenvolvimento da mesma; forneço, caso seja necessário, mel ou cerúmen; limpo a sujeira; vejo se a armadilha para forídeos está funcionando; verifico a presença de rainhas virgens, quantas foram eliminadas pelas operárias, este é um fenômeno que eu tenho observado e fotografado inúmeras vezes; se já foi iniciada a construção das estruturas internas, etc.
Se as coisas correrem bem, em aproximadamente 10 ou 12 dias, já existirá uma rainha fecundada, cujo abdômen estará em processo de crescimento. Cabe mencionar que este inseto é muito ágil em seu movimento pela colméia. A construção do tubo de entrada e de células de cria é sinal de que já existe uma rainha fecundada, mesmo não a vendo pela colônia. Vale ressaltar que, se os forídeos estiverem presentes, quando a divisão já tiver rainha fecundada, as abelhas passarão a expulsá-los do ninho.
Em 2008, ano da seca, as plantas foram tiveram seu florecimento atrasado por cerca de um mês, embora eu tivesse efetuado as divisões e as rainhas não se acasalaram, até que tivesse néctar no campo. Algumas rainhas demoram até 22 dias para acasalar após a efetuada a divisão.
RESULTADOS
Acompanhando sempre todo o processo, para poder agir imediatamente ante cada contingência que surgir: saques de mel e pólen das divisões feitas por abelhas de outras colônias já estabelecidas, o que enfraquece a colônia em formação que ainda está se organizando; reforço com discos com células eclodindo, ou com abelhas jovens, em caso de diminuição da população por morte das abelhas doadas, atraso da fecundação da rainha virgem, situação que ocorreu três vezes, em épocas de calor extremo, etc, tem dado um resultado positivo, pois em 2007 de 50 divisões efetuadas 49 lograram êxito e em 2008 de 40 efetuadas 37. Cabe mencionar aqui que houve um problema nas divisões que não se desenvolveram e que eu não encontrei uma solução: Nos últimos dois anos as divisões foram feitas e tratadas de formas iguais, calafetagem, discos de cria, cerúmen, mel e alimentação artificial, o vinagre, doação de abelhas, etc, As abelhas nunca chegaram a coletar e quando muito foram construídos um ou dois potes, para armazenar mel e pólen. Seu comportamento foi muito indolente, dedicando-se a eliminar quantas rainhas virgens encontravam em seu caminho, até acabar com todas, mesmo que em duas ocasiões, tenham sido reforçadas com discos de cria e mais forrageiras e mesmo tendo mel e um pote de pólen, por divisão, as colônias começaram a morrer até se extinguir. A presença de corpos de rainhas acasaladas, em diferentes fases de desenvolvimento de seu abdômen foi notável. As colméias onde estavam alojadas estas divisões foram lavadas com água corrente, secas ao sol e re-calafetadas com ceras de Apis tornaram ser utilizadas em outras divisões sem qualquer problema.
As divisões efetuadas são monitoradas e socorridas até a sua total organização e desenvolvimento, espaçando-se as observações das colônias à medida que progridem para 8, 15, 30 dias, etc. Até se ter certeza que tem discos de cria em eclosão, em desenvolvimento e recém ovopositados. Após cerca de seis meses já podemos dizer que estão prontos para a venda ou para expandir a população do meliponário.
O mel que é colhido é embalado e vendido isoladamente ou misturado com pólen em minha casa. Algumas vezes são comercializados em conta-gotas de vidro âmbar para tratamento do pterígio do olho, especialmente para pessoas que trabalham nos destinos turísticos nas Caraíbas.
CONCLUSÃO
Com a divisão de colônias, de forma tecnificada, podemos aumentar rapidamente as populações de Melipona beecheii, enfrentando o lento desaparecimento da atividade tradicional. Portanto, é extremamente necessário e importante se praticar e dominar as modernas técnicas de reprodução e manejo deste inseto, a fim de se conseguir novas e fortes populações dessa abelha com tanta tradição no nosso país.
AGRADECIMENTO
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