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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Abelhas Pilhadoras

Amigos da AME-RIO e Internautas,


Ontem eu postei uma poesia, de nosso colega João de Paula, em nosso Blog. Tomara que vocês tenham gostado. Eu tenho certeza que todos identificaram as abelhas mas, como nem todos conhecem bem aquele "Povo danado: piratas, bandidos, ladrões", vou tentar mostrar para vocês alguns dados sobre ele. Tem gente que até tenta criar em caixas racionais e leva-os para os meliponários, vocês devem ter notado na foto que acompanhou a poesia, que eles estão alojados em uma caixa.


Vejam as informações que encontrei sobre elas na tabela de abelhas do Apis Guia:



Nome Popular
Abelha limão / Iratim
Nome Científico
Lestrimelitta limao (Smith, 1863)
Tipo
Trigonas
Descrição
Lestrimelitta limao (Smith, 1863)

Nome popular : IRATIM

Taxonomia

· Hymenoptera
. Apoidea
. Apidae
· Meliponini
Nome científico: Lestrimelitta limao (Smith, 1863)
Nome popular: Iratim ou Limão canudo (Nogueira-Neto, 1970).


Ecologia

São abelhas sociais, pilhadoras, ou seja, que saqueiam colônias de
abelhas de outras espécies (Michener, 1974). Não visitam flores. A
entrada do ninho apresenta protuberâncias de cerume (Sakagami e
Laroca, 1963). O mel produzido por essa espécie de abelha pode
ser perigoso (Nogueira-Neto, 1970).

Referência
Michener, C D. 1974. The social behavior of the bees: A
comparative study. Harvard University Press. 404 p.
Nogueira-Neto. 1970. A criação de abelhas indígenas sem ferrão.
Tecnapis.
Sakagami SF, Laroca S 1963. Additional observations on the habits
of the cleptobiotic stingless bees the genus Lestrimelitta Friese.
Journal of Faculty Science of Hokkaido University, Serie I.

Fonte: Guia Ilustrado das Abelhas sem Ferrão do Estado de São
Paulo
Distr. Geográfica
Referência
Silveira et al., 2002. Abelhas Brasileiras. Belo Horizonte.


Vamos ver o que escreveu sobre elas, o nosso amigo, Antônio Carlos Faria, que um dia pensou em criá-las racionalmente.


LIMÃO CANUDO (Indígena)


Faria A.C. - Pindamonhangaba-SP

Limão canudo - Abelha indígena sem ferrão - Lestrimelitta limão (Smith 1.863)
Prof* Pe. Moure (PNN)
Abelha indígena sem ferrão - descrição:
Caraguatatuba, litoral norte paulista.

Em 19 de dezembro do ano de 1.990, recebi um recado sobre uma espécie de abelha indígena diferente das que eu conhecia, estavam em um terreno baldio, em um muro de blocos de cimento. Chamei o apicultor Miguel Fernando, para me ajudar e levamos duas caixas, pois lá tinha também na mesma fileira de blocos, um enxame de jataí.

As abelhas indígenas têm várias formas de fazer a boca de entrada de seus ninhos, conforme a posição de vôo das abelhas campeiras, e essa era um tubo reto de cera com resina e detritos vegetais, na cor preta, parecia um braço, mas com dedos do mesmo material pendurados nesse tubo, - interessante.

O tubo estava ressecado, portanto não dava para colar no furo da caixa, retiramos o enxame para uma caixa e o de jataí para a outra caixa. As abelhas já entenderam a remoção cuidadosa que fizemos e entraram na caixa onde estavam a cria e reservas de potes.

O mesmo procedimento para os dois enxames, esperamos escurecer e levamos pra casa. Pendurei no rancho, longe do complexo jataí (maneira de dizer), várias colméias enfileiradas nos caibros da varanda, um meliponario urbano, centro da cidade.

20/12/90 - as abelhas não sairam da caixa, estavam se organizando dentro, coloquei uma tampa com mel da abelha apis.

22/12/90- Observei que as abelhas não trabalhavam no período da manhã, mantendo fechada a entrada e só após o meio dia, abriram a boca da entrada e alargaram, como uma corneta.

02/02/91 - Dividi o enxame com o apicultor Miguel Fernando,que levou para seu meliponário, que já tinha jataí, iraí, tubuna, mandaçaia, apis, mirins e agora essas iratins.

Em 14/03/91 – O Miguel ligou dizendo que as iratins atacaram as jataís, mas foram rechassadas, pois a abelha jatai é muito valente, para seu tamanho, em defesa de sua morada.

17/03/91 – O Miguel ligou dizendo que as iratins tinham atacado a colméia de chuí, abelhas mansas, pequenas, após, essas abelhas limão atacaram as colméias de Apis mellifera, aí ele resolveu abrir a caixa das limão, para ver o que estava acontecendo.
Quando ele abriu a caixa,o cheiro da cêra da limão canudo ouriçou suas dez colméias de tubunas, que começaram a atacar as limão canudo, e Miguel resolveu levar a caixa para dentro de um quarto de sua casa. Não adiantou, pois as tubunas foram atrás e dizimara as limão canudo, o chão ficou cheio de abelhas mortas,não teve como evitar.

As minha iratins(canudo) estavam bem depois de 6 meses, em 19/06/91, resolveram atacar as abelhas iraís, que estavam entre as colméias de jataís, e foram rechaçadas pelas jataís. Diante disso, levei a caixa para casa do meliponicultor Mario Luiz, que era do nosso grupo de criadores, ele pendurou no rancho perto do seu meliponário.
No dia seguinte elas atacaram suas abelhas e tivemos que levá-las à mata, no sopé da serra do Mar.

Já dizia o Dr, Paulo Nogueira Neto, “são abelhas saqueadoras”.

Abelha - Preta, reluzente, abdômen comprido, cabeça parece um capacete polido, cara de formiga.

Cria - torre de discos, forte, bastante células de diâmetro variando entre 8 a 12cm, de acordo com o espaço.

Mel - doce
Entrada - Um canudo com dedos pendurados, para despistar a mosca dos forídeos.

Cêra - Marron escuro

CVCD - Preto, viscoso, como algumas espécies de abelhas.

Extermina-las? Não, é uma espécie que deve ter alguma função na natureza, precisa ser estudada, pois seu mel ou sua cêra podem ter propriedades medicinais.

Cria-las? Só se for em fazendas, onde haja espaços longe dos apiários e meliponários, para evitar prejuizos.

Faria/2009

faria.orchs@yahoo.com.br

Vocês podem ver mais sobre essa abelha na página do Laboratório de abelhas da USP

Fotos de entradas
entradas de colmeias
Fotos: Marilda Cortopassi Laurino - Laboratório de Abelhas

Vejam esse artigo que foi publicado na Revista Mensagem Doce da Apacame.

Uga,

José Halley Winckler

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