Ontem a Rita fez uma postagem linda, sobre uma lenda dos indios Sateré-Mawé. Lendo as palavras da Rita eu me convenci, ainda mais, que sabedoria não é encontrada apenas nas catédras. A Rita vai me perdoar, mas vou pegar carona em sua postagem, para refletir um pouquinho e falar de nossas abelhas sem ferrão.
Bela, muito bela a lenda de Uniawamoni, a irmâ do Sol que preferiu ficar na Terra para proteger nossas florestas. Mas, mais que beleza, ela reflete uma sabedoria extrema. Prestem atenção no ensinamento de nossos irmãos, ditos selvagens. Para os índios Sateré-Mawé, a grande protetora das florestas é Uniawamoni, irmã do Sol, sem o Sol perdemos a floresta, mas sem a proteção de Uniawamoni também a perderemos. Uniawamoni é Abelha, mais... Uniawamoni é Abelha Indígena, a Abelha Nativa, a nossa Abelha sem Ferrão.
Onde estão nossas autoridades, que não veem, não ouvem, mas falam, ela estão precisando tomar aulas com os Povos da Floresta e se convencer de uma vez por todas que é necessário proteger e multiplicar as nossas Uniawomonis, para que cada vez mais, guardem nossas matas e florestas, preservando-as para nossos filhos.
O guaraná é outro produto muito importante para a cultura religiosa dos Sateré-Mawé, onde ele tem um papel simbólico similar ao do vinho na liturgia católica. Os Sateré-Mawé acreditam que a fruta madura se parece com um olho aberto. A lenda deste povo, conta a história da índia Onhiámuáçabê que, sem o consentimento de seus irmãos, engravidou de uma cobra que lhe tocou a perna, dando à luz a um forte e belo menino. Um dia, ao se alimentar numa árvore sagrada, o curumim foi morto por seus desavisados tios sendo, logo em seguida, enterrado por sua mãe, que lhe plantou os olhos na terra, advertindo que dali nasceria uma planta para "fazer bem a todos os homens e livrá-los de todas as doenças". Daí teria resultado o formato da fruta, que parecem olhos, sempre a espreita para melhor proteger os índios.
O mel feito de flores de guaraná é menos comum. Normalmente é produzido por pequenas abelhas silvestres, chamadas abelhas canudo. Essas pequenas abelhas silvestres sem ferrão são responsáveis pela polinização de uma grande parte da flora na Amazônia. A abelha canudo desempenha um papel especialmente importante. É parte da população local de Scaptotrigona, uma subfamília das Meliponinae, que inclui 300 espécies de abelhas tropicais americanas, todas elas muito pequenas e sem ferrão. Da mesma forma que os maias que costumavam colher mel silvestre nas florestas úmidas no Yucatán na América Central, os índios Sateré-Mawé se valiam das abelhas canudo para produção de um mel, que é muito líquido, aromático e saboroso. Cada espécie de Meliponinae produz um mel diferente. O mel produzido pelas abelhas canudo tem um alto teor de água e açúcar, um alto nível de acidez e propriedades medicinais.
Hoje, as espécies originais de abelha foram quase que completamente substituída por abelhas melíferas estrangeiras (Apis melifera), para produzir muito mel e polinizar cultivos importados tudo bem mas, para as matas e florestas, precisamos da ação protetora de nossas abelhas nativas.
Lembrem-se, cada vez mais, é preciso manter e multiplicar nossas abelhas nativas, nossas Uniawamoni, irmãs do sol e guardiãs de nossa flora. Ou aquela profecia atribuída a Einsten pode se tornar realidade.
Olá amogo Winchler,
ResponderExcluirmuito boa essa sua reflexão,o que eu espero,é que ela não toque apenas nós,amantes das abelhas nativas,mas,todas as pessoas desse nosso país,principalmente aquelas que podem fazer algo para mudar o final dessa história...
Obs.:o blog está melhor,a cada dia,parabéns à todos vocês.
Um abraço.
Paulo Romero.
Meliponário Braz.
João Pessoa,PB.